DIV. Mato Grosso tem municípios com mais idosos que jovens, mostra estudo da UFMT
terça-feira, 09 de dezembro de 2025, 13h38

Mato Grosso entra em 2026 vivendo transição demográfica acelerada: o Estado está mais envelhecido, heterogêneo e com regiões onde idosos já superam a proporção de jovens. O avanço é confirmado por estudo da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), publicado neste ano, que analisou indicadores de envelhecimento nos 141 municípios e mostrou que a presença de idosos cresce de forma desigual, mas consistente. O cenário local é reforçado por dados recentes divulgados pelo Senado Federal e pela Associação Médica Brasileira (AMB), que apontam mudança profunda no perfil etário e no mapa das doenças no Brasil.
Segundo o levantamento da UFMT — Envelhecimento populacional em Mato Grosso e sua relação com indicadores demográficos e econômicos —, Mato Grosso tinha, em 2022, 11,77% de pessoas com 60 anos ou mais, com extremos que vão de apenas 4,51% em Sapezal a 26,16% em São José do Povo. O Índice de Envelhecimento Populacional (IEP), que compara o número de idosos ao de jovens de até 14 anos, alcança valores que indicam virada estrutural: enquanto alguns municípios apresentam IEP abaixo de 20, outros superam 150, evidenciando que ali já há mais idosos do que crianças e adolescentes. As regiões Centro-Sul e Sudeste concentram os maiores “bolsões” de envelhecimento, enquanto o Médio-Norte e parte do Noroeste ainda mantêm proporção maior de população jovem.
Essa tendência ocorre em momento em que o país, como um todo, enfrenta a mudança mais rápida de sua pirâmide etária. Dados do Senado Federal mostram que o Brasil tem hoje mais idosos do que jovens em faixas importantes, e a projeção é de que 37,8% da população seja composta por pessoas com 60 anos ou mais nas próximas décadas. O envelhecimento nacional pressiona Estados e municípios a adaptar políticas de saúde, assistência social, mobilidade e cuidados de longa permanência — áreas que, segundo especialistas ouvidos pelos órgãos federais, ainda avançam lentamente.
A Associação Médica Brasileira (AMB) reforça que a mudança demográfica já alterou o mapa das doenças no país: há crescimento significativo de enfermidades crônicas e condições típicas da idade avançada, como câncer, diabetes, hipertensão, AVC e doenças neurológicas. Isso significa que os municípios com maior proporção de idosos, como os identificados no estudo da UFMT, tendem a enfrentar, nos próximos anos, demanda maior por serviços especializados, atenção domiciliar, fisioterapia, acompanhamento contínuo e estruturas de cuidado ainda pouco presentes no interior do Estado.
Outro indicador que acelera o ritmo do envelhecimento em Mato Grosso é a queda da fecundidade, registrada em média de 1,9 filho por mulher, abaixo do nível de reposição populacional. Além disso, movimentos migratórios internos fazem com que cidades agrícolas, mais jovens, recebam trabalhadores em idade produtiva, enquanto municípios menores perdem jovens e passam a concentrar parcela maior de idosos, ampliando desigualdades regionais.
FONTE: A VOZ DO IDOSO