TJCE: Semana da Justiça pela Paz em Casa é aberta em escola para crianças e jovens com deficiência visual

As pontas dos dedos que, aos poucos, decifram o mundo puderam aprender um pouco mais sobre o combate à violência doméstica, durante o início da 31ª Semana da Justiça pela Paz em Casa nessa segunda-feira (24/11). Pela primeira vez em todas as edições, o projeto teve a abertura em uma instituição que educa crianças e jovens com deficiência visual: a Escola de Ensino Fundamental Instituto dos Cegos, em Fortaleza.

A juíza titular do 1º Juizado da Mulher de Fortaleza, Rosa Mendonça, ressaltou que a decisão pelo local de abertura potencializa a difusão do combate à violência doméstica. “Resolvemos abrir a Semana nesta escola exatamente pela inclusão social. Trouxemos o material em braille pra que eles tomem conhecimento do que é a Lei Maria da Penha”, enfatizou, referindo-se a um informativo produzido pela Universidade Federal do Ceará (UFC).

Ao compartilhar informações sobre combate à violência doméstica com pessoas com deficiência visual, a juíza também observou que, dentro do recorte de gênero, a pessoa com deficiência (PcD) sofre de maneira mais intensa. “As mulheres com alguma deficiência são penalizadas dupla e triplamente”, disse, reforçando que o agressor a vê como ainda mais vulnerável.

A atividade na escola Instituto dos Cegos é fruto da parceria entre o Tribunal de Justiça do Ceará (TJCE) e a Secretaria de Educação do Ceará (Seduc). “Ações educativas são essenciais para oportunizar o conhecimento da violência contra a mulher no ambiente escolar”, pontuou a professora da Seduc, Raieliza Maia.

A diretora da escola, Sâmia Araújo Quinderé, celebrou a iniciativa, destacando a importância de o assunto ser abordado de maneira constante. “A gente sente que há mães que podem estar sofrendo algum abuso. Cada vez que trazemos esse tema é uma nova oportunidade para que essa vítima tome a iniciativa”, ponderou.

A SEMANA

A programação da 31ª Semana da Justiça pela Paz em Casa segue até esta sexta-feira (28/11). Somente nos Juizados da Mulher do Ceará já estão agendadas, nesta edição, 245 audiências, além de três júris de feminicídio, sendo estes nas cidades de Fortaleza, Cascavel e Pacajus.

A iniciativa, promovida pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ) em parceria com os Tribunais de Justiça estaduais, tem como objetivos agilizar o andamento de processos relacionados à violência de gênero, ampliando a efetividade da Lei Maria da Penha, e buscar a conscientização por meio de rodas de conversa, articulações institucionais e distribuição de material informativo.

Quando o evento foi iniciado, há mais de dez anos, a visão era completamente voltada para o andamento processual, conforme lembrou juíza Rosa Maria Mendonça. Ao longo da caminhada, entretanto, foi percebida a necessidade de fazer o tema ultrapassar a esfera jurídica. “Vimos que a gente precisava levar o conhecimento para a comunidade. Portanto resolvemos fazer esse trabalho em órgãos privados e públicos, escolas, levando essa temática para a sociedade civil”, explicou a magistrada.

Fonte: TJCE