Ministério Publico do Estado de Mato Grosso

Pantanal está em risco por danos dos incêndios de 2020 e terceiro ano de seca

terça-feira, 19 de janeiro de 2021, 18h00

Com informações da Folha de S. Paulo
PANTANAL – O clichê é inevitável: 2020 não terminou no Pantanal. Um ano após a sua grande tragédia ambiental, a maior planície alagável do planeta tenta se recuperar enquanto espera que as chuvas interrompam o terceiro ano seguido da seca implacável.
 

Nos últimos meses, a reportagem da Folha revisitou algumas das regiões mais devastadas, incluindo os santuários da onça-pintada e da arara-azul. Em meio à água escassa, encontrou histórias de resiliência, assim como uma forte preocupação com o futuro do bioma.
 

FAZENDEIRO LEVOU MAIS DE SEIS MESES PARA CONTER INCÊNDIO
Em 11 de setembro de 2020, o fogo queimou 4.300 hectares da propriedade do pecuarista Pedro de Oliveira Rodrigues, 71, em apenas duas horas. Mas a tragédia não terminou naquele dia.
 

“O fogo não acabou. Dou um exemplo aqui, eu demorei mais de seis meses para conter um foco de fogo”, afirma seu Pedrão, como é mais conhecido, na sede da fazenda São Francisco de Assis, uma das poucas áreas que escapou das chamas.


Fenômeno que ocorre em várias partes do Pantanal, o fogo subterrâneo ou de turfa queima matéria orgânica enterrada a alguns metros da superfície. Por isso, é mais difícil de ser controlado, até mesmo pelas chuvas.


Rodrigues faz questão de nos levar até o local do foco mais resistente. Em meio à terra revirada, buritis (espécie de palmeira) tombados tinham apenas as raízes queimadas. Para conter o incêndio naquele trecho, o fazendeiro pagou uma escavadeira para cavar uma valeta em volta de dois hectares.
 

“Eu tive essas condições de fazer, mas quem não tem? O poder público deveria vir não para multar, mas para ver o que está acontecendo. O erro não é do produtor”, diz.
 

O pasto da fazenda já se recuperou em parte, mas, em várias áreas, cresce sob um vasto paliteiro de palmeiras mortas. A maioria das árvores nativas da área de preservação permanente também morreu pelo fogo.
 

O fazendeiro aponta a recente pavimentação da rodovia estadual MT-040, que corta a sua fazenda, no município de Santo Antônio de Leverger (a cerca de 34 quilômetros de Cuiabá), como um dos principais culpados da tragédia do ano passado.
 

Ele cita o trecho em que as obras represaram um riacho, causando a morte da vegetação nativa dos dois lados da estrada, por falta de água e também em consequência da inundação.
 

Ao todo, Rodrigues teve 6.000 hectares queimados, incluindo as cercas. A perda no rebanho também foi grande: 1.005 reses adultas morreram calcinadas.
 

“Isso doeu em mim. Não tem como não ter emoção se você viu de perto”, afirma o pecuarista, com os olhos marejados. “Não é custo financeiro, graças a Deus, a minha família sobreviveu. Corta alguma coisa, mas sobreviveu”, conclui.
 

POPULAÇÃO DE ARARA-AZUL DIMINUI POR FALTA DE ALIMENTO
A fazenda São Francisco do Perigara, no município de Barão do Melgaço (MT), concentrava 15% da população livre de araras-azuis (Anodorhynchus hyacinthinus), o maior santuário mundial da espécie ameaçada de extinção. Até que, em agosto de 2020, o fogo atingiu 92% da propriedade.
 

Em setembro passado, a Folha acompanhou o trabalho de campo de pesquisadores do Instituto Arara Azul na fazenda, de cerca de 25 mil hectares. O objetivo era fazer a contagem da população nos locais de repouso e dormitório e avaliar a situação de outras espécies.

Veja na íntegra a notícia AQUI.

Fonte:
Revista Cenarium

 

 

 


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