Meio Ambiente Natural
por Redação USP
quarta-feira, 23 de julho de 2025, 14h41
Plantação de milho na Faculdade de Zootecnia e Engenharia de Alimentos (FZEA) da USP em Pirassununga. A produtividade e competitividade do agronegócio brasileiro depende fortemente da pesquisa científica desenvolvida nas universidades e outras instituições públicas de pesquisa, como a Embrapa – Foto: Marcos Santos/USP Imagens
Com R$ 516,2 bilhões destinados à agricultura empresarial, o novo Plano Safra estabelece o cumprimento do Zoneamento Agrícola de Risco Climático (Zarc) como requisito obrigatório para acesso a créditos subsidiados e seguro rural.
Segundo Lucílio Alves, professor da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq) da USP e pesquisador do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), a medida reforça a gestão de riscos no campo ao determinar os períodos ideais de plantio por cultura e região, reduzindo vulnerabilidades climáticas que impactam a produtividade e a capacidade de pagamento dos produtores.
Práticas sustentáveis
O professor conta que o plano introduz diferenciais para agricultores que adotarem práticas sustentáveis, com incentivos como redução de juros. Um projeto no Paraná já testa essa vinculação, avaliando níveis de manejo do solo, rotação de culturas e uso de bioinsumos. A Embrapa lidera a certificação dessas práticas, que incluem desde plantio direto até sistemas orgânicos e recuperação de áreas degradadas.
Pequenos produtores
Recursos com juros mais baixos serão direcionados principalmente para pequenos produtores, enquanto médios e grandes terão acesso a instrumentos como Letras de Crédito do Agronegócio. Essa segmentação visa a equilibrar apoio estatal e sustentabilidade fiscal, num contexto de recursos limitados.
Embora o Zarc não exija diretamente o uso de tecnologias digitais, o plano estimula a modernização como complemento à gestão de riscos climáticos. Linhas específicas para conectividade rural e gestão de dados visam a potencializar o zoneamento, com máquinas sensorizadas e sistemas em nuvem gerando informações precisas sobre solo e clima.
No entanto, como destaca Alves, muitos produtores ainda enfrentam desafios na interpretação desses dados – lacuna que abre espaço para consultorias especializadas em transformar informações técnicas em decisões práticas de plantio.