Réus 'fizeram questão de documentar etapas' dos crimes, diz Gonet
terça-feira, 02 de setembro de 2025, 16h35
O procurador-geral da República, Paulo Gonet, afirmou, nesta terça-feira (2/9), que a denúncia contra os réus por tentativa de golpe de Estado não se baseou em conjecturas, tendo em vista que os próprios acusados “fizeram questão de documentar as etapas”.
Ele reforçou a denúncia da PGR no primeiro dia de julgamento do chamado “núcleo crucial” da intentona golpista. O caso é analisado pela 1ª Turma do Supremo Tribunal Federal, com relatoria de Alexandre de Moraes. A TV ConJur transmite, ao vivo, o julgamento.
Gonet se manifestou depois de o ministro ler o relatório. O procurador ressaltou a “insistência” do grupo em tentar o golpe, que não ocorreu por falta de adesão do Exército e da Aeronáutica. Segundo ele, o “clima de convulsão social” criado era uma forma de “atrair o Exército” para a sanha golpista.
O procurador ressaltou que a denúncia está embasada em provas encontradas pela Polícia Federal e confirmadas pelo tenente-coronel Mauro Cid, réu colaborador e ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro (PL).
Ele citou fotos, documentos e outras provas encontradas nos celulares dos réus para apontar onde estavam em determinadas datas, como a visita do general Mário Fernandes a um acampamento que pedia intervenção militar, em frente ao Quartel-General do Exército em Brasília.
Além disso, citou minutas, discursos preparados de posse para Bolsonaro depois do golpe planejado e documentos que revelavam um plano para assassinar Moraes, o então presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o vice Geraldo Alckmin (PSB), na operação batizada de “Punhal Verde e Amarelo”.
“A organização criminosa contribuiu até o último momento para a insurgência levar o país a estado de exceção”, disse Gonet.
Além de Bolsonaro, serão julgados o ex-diretor da Abin, Alexandre Ramagem; o ex-comandante da Marinha, Almir Garnier; o ex-ministro da Justiça, Anderson Torres; o ex-ministro do GSI e general da reserva Augusto Heleno; o ex-ministro da Defesa e general da ativa Paulo Sérgio Nogueira; o candidato a vice de Bolsonaro e também general da reserva Walter Braga Netto; e o ex-ajudante de ordens e tenente-coronel do Exército Mauro Cid.
O grupo forma o chamado “núcleo crucial”, conforme apontado pela PGR. Os réus respondem por organização criminosa armada, tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado, dano qualificado pela violência e grave ameaça e deterioração de patrimônio tombado.
Fonte: Conjur