ONU preocupada com violência no Irã após morte de mulher de 22 anos
terça-feira, 27 de setembro de 2022, 16h25
As Nações Unidas expressaram preocupação com a resposta violenta das forças de segurança do Irã aos protestos contra a morte de uma jovem iraniana, no país.
Mahsa Amini, de 22 anos, morreu em 17 de setembro, quatro dias após ser presa, por alegadamente não ter usado o hijab, véu, da forma obrigada pelo país ao código de vestimenta das mulheres.

ONU News | Porta-voz da alta comissária para os Direitos Humanos, Ravina Shamdasani
Três dias em coma
A porta-voz do Escritório de Direitos Humanos da ONU, Ravina Shamdasani, contou que muitos iranianos foram mortos, feridos e detidos durante os protestos.
A porta-voz informou que o Irã restringiu as comunicações no país afetando serviços de telefonia celular e até telefone fixo, internet e plataformas de redes sociais.
Mahsa Amini era da província de Saqez, no noroeste do Irã, e foi a Teerã, capital do país, para uma visita. Ela desmaiou após ser levada para um centro de detenção e morreu no hospital após passar três dias em coma.
Agências de notícias dizem que a polícia iraniana informou que a jovem, de 22 anos, sofreu complicações cardíacas, mas a família nega o atestado e acusa as forças de segurança de terem batido na vítima.
Milhares de pessoas saíram às ruas nos últimos 11 dias, e em alguns casos, a polícia respondeu com tiros de revólver.

Unsplash/Sajad Nori | Teerã, capital do Irã
Número de mortos pode ser ainda maior
O Escritório de Direitos Humanos diz que por causa das restrições nas comunicações, é difícil estabelecer um número exato de mortos, feridos e detidos.
No último dia 24, a TV estatal informou que 41 pessoas haviam perdido a vida. Mas organizações não-governamentais, que monitoram a situação, dizem que o número de mortes pode ser ainda mais alto.
A porta-voz disse que está “extremamente preocupada” com os comentários de alguns líderes que estão vilanizando os manifestantes, além do uso desproporcional de força contra quem participa dos protestos.

© Unsplash/Hosein Charbaghi | Vista de Teerã, capital do Irã
Mulheres, jornalistas, defensores e ativistas presos
Shamdasani ressalta que armas de fogo jamais devem ser usadas para dispersar pessoas reunidas. E que nesse caso, somente se houver uma ameaça iminente à vida ou em caso de ferimentos sérios.
Nos últimos dias, centenas de pessoas foram presas no Irã incluindo defensores de direitos humanos, advogados, ativistas e pelo menos 18 jornalistas.
O governo está calado sobre o número de presos, mas somente na província de Gilan, 739 pessoas foram detidas incluindo 60 mulheres. O Escritório de Direitos Humanos pediu a libertação imediata dos presos, e a restauração dos serviços de internet.
O Escritório de Direitos Humanos pede ao Irã que respeite inteiramente os direitos à liberdade de expressão, opinião e de reunião e associação.
Fonte:
ONU News