Justiça de MT concede ao pai guarda provisória de bebê indígena resgatada após ser enterrada viva
sexta-feira, 02 de agosto de 2019, 13h17
Recém-nascida foi enterrada pela bisavó, no quintal da casa onde família morava. Caso foi registrado em Canarana há pouco mais de um ano
Bebê na época em que foi resgata em MT — Foto: Polícia Civil - MT
A Justiça de Mato Grosso concedeu ao pai, que é índio de outra etnia, a guarda provisória da bebê indígena que foi enterrada vivapela bisavó, em junho do ano passado, em Canarana, a 838 km de Cuiabá. A decisão do dia 13 de junho foi confirmada pelo Ministério Público Estadual (MPE).
Analu Paluni Kamayura Trumai estava sob a guarda da Fundação Nacional do Índio (Funai) até que todo o processo fosse concluído. Em setembro do ano passo, Justiça solicitou um exame de DNA para comprovar a paternidade e decidir sobre a guarda da criança.
De acordo com o promotor Matheus Pavão de Oliveira, o resultado do exame foi positivo e comprovou a paternidade.
Na época do fato, quando soube que a recém-nascida tinha sido enterrada viva, o pai já havia manifestado a intenção de ficar com a criança. O indígena afirmou que não sabia da gravidez.
Ainda segundo o promotor, um estudo psicossocial e antropológico foi realizado para avaliar quem teria condições de receber a menina que, atualmente, tem um ano.
Criança, atualmente com 1 ano, e o pai. — Foto: Arquivo pessoal
"O estudo demonstrou que, caso a guarda fosse concedida ao pai, não haveria nenhum prejuízo para a identidade e a segurança da criança", explicou ele.
Ele explicou também que o MPE fez um pedido à Casa de Saúde do Índio (Casai) para que o acompanhamento médico que a menina faz seja readequado e não comprometa o tratamento.
"Com relação a essa solicitação, não obtivemos resposta ainda, mas esperamos que não haja problema, pois apesar de não apresentar sequelas, ela precisa de acompanhamento, diante da gravidade do processo que enfrentou", declarou.
O pai de Analu mora em uma comunidade indígena em Peixoto de Azevedo, a 692 km de Cuiabá.
O resgate
Em 5 de junho do ano passado, a polícia recebeu uma denúncia anônima informando que o bebê havia morrido durante o parto e sido enterrado no quintal de uma casa. Os policiais foram até o local para saber o que tinha acontecido e retirar o corpo e levá-lo ao IML.
Quando a polícia chegou, a família disse que havia enrolado o corpo da criança em um pano e enterrado em uma cova. Entretanto, os policiais foram até a cova indicada pela família e começou a cavar.
Em um vídeo gravado à época, é possível ver o momento que os policiais identificam que a criança está viva e a retiram do buraco que media cerca de 50 centímetros. A recém-nascida ficou enterrada por cerca de 6 horas.
Índia recém-nascida é resgatada após ser enterrada viva por família em MT
G1 MT
Índia recém-nascida é resgatada após ser enterrada viva por família em MT
Após ser resgatada, a recém-nascida foi levada para o Hospital Municipal de Canarana onde recebeu os primeiros socorros. Depois foi levada para o Água Boa, a 736 km de Cuiabá. Em seguida, foi transferida para uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI) da Santa Casa da capital.
Prisão da avó e bisavó
A avó do bebê, Tapoalu Kamayura, de 33 anos, e a mãe dela, Kutsamin Kamayura, de 57 anos, foram presas e encaminhadas para a delegacia de Canarana. Posteriormente, tiveram direito a ficar detidas em unidades da Fundação Nacional do Índio (Funai).
Bisavó Kutsamin Kamayura, de 57 anos, e Tapoalu Kamayura, de 33 anos quando foram presas. — Foto: Polícia Civil - MT
FONTE: www.g1.globo.com