Ministério Publico do Estado de Mato Grosso

LUNETAS: Mães na COP30 lutam pelo futuro de todas as crianças

segunda-feira, 17 de novembro de 2025, 15h46

Como vou poder olhar nos olhos do meu filho e dizer: eu sabia, mas eu não fiz nada?”, diz o cartaz feito por uma mãe em exposição na COP30, em Belém. Reunidas em debates, diálogos e manifestações da Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, dezenas de mães discutem ações urgentes diante de uma mesma preocupação: o futuro.

 

“Somos nós que precisamos reinventar a rotina após eventos climáticos, que passamos as noites em claro cuidando dos filhos com problemas respiratórios, que atravessamos a cidade alagada, com filho no colo, para que não lhes falte nada”, diz Ligia Moreiras, doutora em Saúde Coletiva e ativista da maternidade e da infância.

 

Em suas redes sociais, no perfil “Cientista que virou mãe”, ela reforça que as mulheres sustentam o cuidado cotidiano e, por isso, são as mais afetadas por eventos climáticos extremos, insegurança alimentar e perda de moradia.

 

“A crise climática é também uma crise do cuidado.”

 

Clarissa Canova, fundadora do movimento Mães pelo clima, aponta que as mães são as responsáveis diretas por cuidar das crianças na maioria dos lares brasileiros. “Nós gestamos e nutrimos a vida, por isso, os líderes mundiais precisam nos ouvir”, afirma. Para ela, “quando falamos sobre amor e cuidado para a próxima geração, essa mensagem ressoa para além das divisões políticas, porque todas queremos cuidar de nossas crianças.”

 

Por que as mães precisam de lugar de fala?

 

A delegação de mães de várias partes do país pede o reconhecimento da maternidade como lugar de fala sobre a crise climática. Na agenda, elas protagonizam reivindicações como o fim da queima de combustíveis fósseis, ar limpo para todas as crianças e mobilização dentro das famílias.

 

“Precisamos que, nesta COP, as palavras se transformem em ação”, diz Juliana Russar, líder de operações da Our Kid’s Climate, organização global de famílias engajadas contra a crise climática.

 

Ao mesmo tempo, Clarissa Canova reflete sobre a importância de olhar para as mães cuidadoras e de considerá-las nas tomadas de decisão. “As mulheres chefiam mais de 38 milhões de lares brasileiros, segundo o IBGE. Essa liderança feminina é fundamental na formação de comunidades mais resilientes aos impactos do clima.”

 

“As mães têm o poder de formar uma geração capaz de regenerar o mundo com consciência, equidade e afeto.”

 

Para essas mães, que puxam as discussões principalmente no movimento COP das Crianças, todos os filhos importam. “Não podemos ficar paradas enquanto nossas crianças enfrentam — e ainda vão enfrentar — as piores crises climáticas”, alerta Clarissa. A urgência se confirma em dados: cerca de 40 milhões de meninas e meninos vivem sob mais de um risco climático ou ambiental, como enchentes, queimadas e secas, segundo o Unicef.

 

Como se mobilizar dentro e fora de casa?

 

Organizações como Mães pelo clima, Famílias pelo clima e Our kid’s climate atuam em rede para acolher e mobilizar mais mães e cuidadores. “Temos um diálogo com outras mães, que nos procuram sem saber por onde começar”, conta Clarissa Canova. “Elas estão cansadas porque, em geral, passaram por algum evento climático extremo.”

 

Juntas, elas se escutam, se orientam e compartilham saberes para enfrentar os impactos da crise climática na rotina real da maternidade. “Somos um lugar de escuta porque essas mães querem falar e aprender como lidar com a crise climática dentro e fora de casa.”

 

Para acolher mães afetadas por eventos extremos, como as enchentes na região sul, o movimento disponibiliza materiais didáticos e capacitações para inspirar mães por meio do empreendedorismo regenerativo, um modelo de economia que alia boas práticas ambientais. “Queremos que o ativismo ambiental seja um assunto que aproxima as mães, e não que afasta”, diz Clarissa.

 

Mariana Menezes, cofundadora do Famílias pelo clima, reforça que “ensinar como cuidar dos nossos resíduos, do nosso consumo e da alimentação ajuda a construir uma relação de amor e convívio com a natureza e faz parte da criação das nossas crianças”.

 

“A nossa voz é muito importante porque é a voz do amor pelas futuras gerações e pelo planeta.”

 

FONTE: LUNETAS


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