MPGO: Crianças de Cavalcante lotam anfiteatro no município para última apresentação da peça teatral promovida pelo MPGO sobre autocuidado e proteção contra abusos sexuais
terça-feira, 09 de setembro de 2025, 17h48
Cavalcante - O Ministério Público de Goiás (MPGO) encerrou com chave de ouro, nesta segunda-feira (8/9), em Cavalcante, no Nordeste goiano, a série de sete apresentações da peça teatral O Despertar da Princesa Kiki, transformando a educação sobre autoproteção com o corpo em momento de pura conexão e aprendizado para mais de 150 crianças das escolas municipais Tia Cici e Morro Encantado.
No anfiteatro da sede do Serviço de Conveniência e Fortalecimento de Vínculos, meninas e meninos entre 5 e 11 anos assistiram extasiados à apresentação final do espetáculo, adaptado e escrito por Ludmyla Marques. A adaptação integra o projeto Educar para Proteger, desenvolvido pelas Áreas da Infância e Juventude e da Educação do MPGO.
A mobilização foi encampada pela instituição em virtude do Maio Laranja, campanha nacional de combate ao abuso e à exploração sexual de crianças e adolescentes. A apresentação em Cavalcante marcou o encerramento triunfal da turnê iniciada em 14 de maio, que percorreu também Goiânia, Anápolis, Rio Verde e Luziânia.
A escolha de Cavalcante para o fechamento das apresentações não foi por acaso. A região, marcada pela vulnerabilidade social e formada majoritariamente por comunidades quilombolas, enfrenta desafios significativos relacionados ao abuso sexual infantil.
"A gente sabe que a lei do silêncio impera. Essa ação é muito importante porque vem reforçar os ensinamentos sobre o tema que as crianças já acessam nas escolas, mas aqui de uma forma lúdica. Falar desse assunto é essencial sempre", destaca a promotora de Justiça de Cavalcante, Úrsula Catarina Fernandes da Silva Pinto.
As irmãs atrizes Kamila e Ludmyla Marques, do Projeto Otras Cositas, junto com o diretor de arte Patrick Mendes, conduziram uma apresentação que conquistou completamente o público infantil. Com fantoches coloridos, objetos lúdicos e linguagem totalmente acessível aos pequenos, conseguiram não apenas prender a atenção, mas despertar participação ativa e entusiasmada das crianças.
O clima de euforia tomou conta do anfiteatro desde os primeiros minutos. A cada descoberta da Princesa Kiki sobre a importância de conhecer e proteger o próprio corpo, a plateia reagia com vibração. Dezenas de crianças se levantaram e foram até próximo ao palco, completamente envolvidas com a história que se desenrolava. Perguntas brotavam espontaneamente, interações aconteciam naturalmente, e o aprendizado fluía de forma orgânica e prazerosa.
"Eu aprendi que a gente não pode deixar que estranhos toquem partes íntimas do nosso corpo. Se algo acontecer de estranho, a gente tem de contar para o nosso adulto de confiança", disse Eloah, de 10 anos, aluna do quinto ano, que chegou ao teatro sem saber o que iria assistir e saiu com conhecimentos fundamentais sobre autoproteção.
Todas as crianças assumiram o compromisso com a promotora Úrsula de compartilhar o que aprenderam com amigas e amigos, irmãs e irmãos, e outras pessoas de seu convívio.
Crianças foram apresentadas a rede de “amigos protetores”
Ao longo do espetáculo, as crianças também conheceram sua rede de amigos protetores - canais de apoio que incluem o Ministério Público, o Conselho Tutelar, escolas, postos de saúde, delegacias, o Disque 100 e o Juizado da Infância e Juventude. Esses órgãos foram apresentados como aliados sempre disponíveis para ajudá-las quando necessário.
Um dos momentos emocionantes ocorreu ao final da apresentação, quando a atriz Kamila fez questão de traduzir a essência do espetáculo em libras para um aluno surdo presente na plateia. O gesto inclusivo demonstrou o cuidado especial em garantir que nenhuma criança ficasse excluída da mensagem de proteção.
As sete apresentações do espetáculo adaptado e escrito por Ludmyla Marques despertaram reflexões importantes entre educadoras e educadores, familiares e as próprias crianças sobre a prevenção da violência sexual infantil em todas as cidades visitadas. Ela escreveu o roteiro baseado na cartilha Brincar e Aprender: Como Proteger Meu Corpinho, produzida pelo MPGO. A atriz e roteirista elogiou a sensibilidade da equipe da instituição que idealizou tanto o espetáculo quanto a cartilha original que deu origem ao projeto.
“Ter lido a literatura do MP foi importantíssimo para mim, para promover esse casamento com o teatro. A arte acessa lugares que só o discurso não alcança. Estou muito feliz, torcendo para que outros projetos como esse possam ser criados", avalia Ludmyla.
A secretária municipal de Educação de Cavalcante, Adriana Gonçalves, acompanhou o evento e apoiou sua realização, demonstrando o envolvimento das autoridades locais com a causa da proteção infantil.
A energia contagiante das crianças durante todo o espetáculo mostrou como é possível abordar temas sérios de forma adequada à idade, criando conexões genuínas e promovendo empoderamento desde cedo.
Ao final da apresentação, a meninada fez questão de registrar o momento especial com fotos ao lado das atrizes, levando para casa e para a vida não apenas lembranças afetivas, mas sobretudo aprendizados que podem fazer toda a diferença em suas trajetórias. (Texto: Mariani Ribeiro – Fotos: Fernando Leite/Assessoria de Comunicação Social do MPGO)
FONTE: MPGO