sustentabilidade
ONU-Habitat: cidades devem liderar o caminho para um futuro mais justo, verde e saudável pós-pandemia
por ONU
quarta-feira, 07 de abril de 2021, 13h35
Foto | Mike Swigunski/Unsplash
Um novo relatório do ONU Habitat sobre pandemias e cidades aponta o caminho para que os centros urbanos que foram duramente atingidos possam reduzir os impactos de surtos futuros e se tornem mais justos, saudáveis e ecologicamente corretos. Cidades e pandemias: rumo a um futuro mais justo, verde e saudável, publicado no dia 30/03, descreve como áreas urbanas estiveram na linha de frente da crise da COVID-19.
A diretora-executiva do ONU-Habitat, Maimunah Mohd Sharif, disse que nos primeiros meses de pandemia, “95 por cento de todos os casos” foram registrados em cidades. “Ao longo dessa pandemia, couberam aos governos locais e às comunidades agirem de forma rápida e decisiva para parar a disseminação da COVID-19 e garantir uma resposta efetiva”, acrescentou Sharif.
Apesar dessas pressões, muitos governos locais e líderes comunitários responderam de maneira rápida e eficaz para prevenir a disseminação da pandemia e diminuir seus efeitos. O relatório do ONU-Habitat recomenda ações para uma recuperação sustentável com base em evidência de mais de 1.700 cidades.
Desigualdades - Verificou-se que padrões de desigualdade devido à falta de acesso a serviços básicos, pobreza e condições de moradia superlotadas foram os principais fatores desestabilizantes no aumento da escala e do impacto da COVID-19. Eduardo Moreno, chefe de conhecimento e inovação da ONU-Habitat, disse que devido à pandemia, cerca de “120 milhões de pessoas no mundo vão ser empurradas para a pobreza e os padrões de vida serão reduzidos em 23 por cento”. “A conclusão é que a renda importa”, acrescentou.
De acordo com o relatório, líderes e planejadores urbanos devem repensar a forma como as pessoas se movem nas cidades, usando lições aprendidas no último ano com a COVID-19. Isso inclui um foco maior no nível local de planejamento de bairros e comunidades multifuncionais e inclusivas.
O relatório explora como cidades bem-planejadas, combinando os espaços residenciais, comerciais e públicos, junto com habitação acessível, podem melhorar a saúde pública, a economia local e o meio ambiente. Ele apela para que cidades estejam na vanguarda do avanço para um contrato social entre os governos, o público, a sociedade civil e o setor privado.
Para Sharif, o novo contrato social deve “explorar o papel do estado e das cidades para financiar uma renda básica universal, seguro de saúde universal, habitação universal”.
Um exemplo disso foi apresentado por Claudia Lopez Hernandez, prefeita de Bogotá. Ela explicou como o novo contrato social prioriza mulheres e crianças na capital colombiana. "É um contrato social que inclui mulheres, que as fornece tempo, tempo para se cuidar, tempo para se educar e tempo e capacitação para voltar para o mercado de trabalho. Ter mulheres auto-sustentáveis é ter sociedades auto-sustentáveis”, explicou Hernandez.
Novas prioridades - O relatório desenha como um novo normal pode emergir nas cidades “onde saúde, habitação e segurança são prioridades para os mais vulneráveis, não apenas por necessidade social, mas também por um compromisso profundo com os direitos humanos para todos”.
Isso exige que governos foquem em políticas para proteger o direito à terra, melhorem acesso à água, saneamento, transporte público, eletricidade, saúde e educação e garantam conectividade digital inclusiva.
O relatório recomenda fortalecer acesso a financiamentos municipais para permitir que líderes das cidades construam uma nova economia urbana que reduza o risco de desastres e também abordem mudanças climáticas, desenvolvendo soluções baseadas na natureza e investindo em infraestrutura sustentável para possibilitar transporte de baixo carbono.
O Relatório Cidades e Pandemias deixa claro que a maneira como os ambientes urbanos se recuperam da pandemia terá um grande impacto no esforço global para alcançar um futuro sustentável para todos - alinhado com a Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável.
Fonte: ONU