Mudanças climáticas ameaçam os peixes da bacia do Alto Paraguai
por MICHAEL ESQUER
sexta-feira, 12 de maio de 2023, 18h40
Estudo estima que processo pode reduzir o habitat de cerca de 70% das espécies que atualmente ocorrem na bacia que hospeda o Pantanal – e consequentemente provocar extinções locais

Estudo recém-publicado mostra que peixes da bacia do Alto Paraguai também estão vulneráveis às mudanças climáticas. Foto: Nelson Almeida/AFP.
Inserida na bacia do rio da Prata – uma das maiores da América Latina –, a bacia do Alto Paraguai (Bap) abriga dois ambientes únicos. São eles o planalto e a planície, dois componentes singulares definidos pelo relevo e pelo regime hídrico, que formam o macroecossistema planalto-planície. Este último hospeda ainda a maior área úmida continental do mundo, o Pantanal, que junto ao seu entorno é caracterizada por uma rica e notória biodiversidade de fauna e flora.
Entretanto, os animais aquáticos dessa tão importante bacia estão ameaçados pelas mudanças no clima – assim como tantos outros em outras partes do mundo –, revela estudo recém-publicado na editora científica Springer Nature. Projeções futuras estimam que cerca de 70% das espécies de peixes que ocorrem na unidade hidrográfica podem perder seu habitat adequado até a última década deste século, com o agravamento das mudanças climáticas.
O trabalho, publicado em forma de artigo na revista Climatic Change, é assinado por cinco cientistas da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) e da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), ambos estados sobre os quais se repartem os limites da Bap.
Uma grande parte do todo
O estudo foi feito levando em consideração 156 espécies, o que segundo os pesquisadores representa aproximadamente 56% da diversidade de peixes da Bap (275 espécies). O número utilizado na pesquisa se deu a partir da inclusão daquelas espécies que tiveram pelo menos duas dezenas de registros de ocorrência na bacia.
O limite foi estabelecido para que uma estimativa mais robusta e precisa pudesse ser aferida pelo modelo utilizado pelos pesquisadores.
“Parte dos dados são de bancos de dados online da biodiversidade”, explica a ((o))eco a primeira autora do artigo, a bióloga Luiza Peluso. Mas também foram utilizados dados de ocorrência de espécie coletados pelo Laboratório de Ecologia e Manejo de Recursos Pesqueiros (Lemarpe) do Instituto de Biologia da UFMT e pela pesquisa contratada pela Agência Nacional de Águas (Ana) que estudou o impacto da construção de hidrelétricas na Bap, entre 2016 e 2020.
“Esses dados foram cedidos pelos pesquisadores atuantes na bacia do Alto Paraguai”, explica Peluso, que é doutora em Ecologia e Conservação da Biodiversidade.
Veja na íntegra a notícia AQUI.
Fonte: O Eco