NAV promove seminário sobre o direito das vítimas de crimes e atos infracionais sob a perspectiva do Ministério Público
terça-feira, 20 de agosto de 2024, 15h42
O evento teve o objetivo de contribuir para a qualificação dos integrantes ministeriais
19/08/2024 - Os direitos das vítimas de crimes e de atos infracionais como uma prioridade para o Ministério Público foi pauta do seminário que o Núcleo de Apoio à Vítima (NAV) promoveu na última quinta-feira (15), presencialmente no auditório da Escola Superior do Ministério Público de Pernambuco (ESMP-MPPE) e de forma virtual pela plataforma Google Meet.
O evento teve o objetivo de contribuir para a qualificação dos integrantes ministeriais na área de atendimento efetivo às vítimas de crimes e atos infracionais, bem como de fomentar a articulação institucional com as redes de assistência municipais e estaduais.
"Esse é o primeiro evento promovido pelo NAV. O Núcleo funciona há pouco mais de seis meses e sua atuação não pode ser apenas nos casos concretos. As pessoas que passam por uma vivência tão negativa, por serem vítimas de crimes e atos infracionais, muitas vezes com violência, precisam de um suporte para o restabelecimento dos seus projetos, da sua saúde, de maneira geral, não só física, mas psíquica também. Então, a longo prazo o MPPE, através do Núcleo, seguirá acompanhando essas pessoas, sempre respeitando-as, porque esse pedido de acompanhamento tem que ser voluntário, inclusive para não haver revitimização. O Ministério Público manterá contato direto com a rede, do mesmo modo que a Instituição está de portas abertas para receber pessoas vítimas de crimes e atos infracionais que sejam identificados pela própria rede", destacou a Promotora de Justiça e Coordenadora do NAV, Ana Clézia Ferreira.
Na solenidade de abertura estiveram presentes o diretor da ESMP, Frederico Oliveira; a Coordenadora do NAV, Ana Clézia Ferreira; a Corregedora substituta, Maria Ivana, a Ouvidora do MPPE, Maria Lizandra Carvalho e o Coordenador do Centro de Apoio às Promotorias Criminais (CAOCrim), Antônio Arroxelas. Além dos membros e servidores do MPPE, o evento contou também com a presença de integrantes das Redes de Atenção Psicossocial municipais e estadual, principalmente os que atuam na área de atendimento às vítimas.
PROGRAMAÇÃO - Pela manhã, o evento foi dividido em dois painéis. No primeiro, iniciado logo após a mesa de abertura, a professora do Programa de Pós-Graduação em Direito da Universidade Federal do Pará (UFPA), Cristina Figueiredo, desenvolveu uma palestra sobre o direito das vítimas e a reparação integral como meios para uma política nacional. Durante sua exposição, ela discorreu inicialmente sobre o movimento global de proteção de vítimas, traçando um panorama em relação ao que as legislações internacionais versam sobre o assunto.
Em seguida, a palestrante trouxe o debate para o contexto brasileiro, demonstrando que houve diversos avanços na temática, mas que ainda é preciso outras reformas. "A gente tem, de fato, legislações e programas de proteção às vítimas no Brasil, mas eles ainda são pulverizados, pois só atendem a casos específicos. Precisamos ver o que os outros países estão fazendo e entender como esses modelos funcionam", concluiu.
Já no segundo painel, a Coordenadora de Segurança Pública e Direitos Humanos no Ministério da Cidadania e dos Direitos Humanos, Bruna Martins Costa, falou sobre o Atendimento psicossocial para vítimas e familiares, focando nos caminhos para o fortalecimento de uma rede multiprofissional e multi-institucional. Na sua palestra, Bruna enfatizou a importância do atendimento e do cuidado com a saúde mental das vítimas.
"A gente tem entendido comumente o acesso à Justiça como um mero acesso ao Judiciário, a um advogado, a um defensor público. Mas o que a gente vê nesse trabalho com mães e familiares de vítimas é que existe uma demanda de atendimento na parte de saúde mental porque a violência traz uma perspectiva de desorganização, de enfraquecimento, de desempoderamento dessas pessoas. Então, na medida em que se promove um atendimento psicossocial, você dá a essa vítima a oportunidade de se reestruturar, se reerguer e, inclusive, de buscar o acesso aos seus direitos. Então, acesso à Justiça não é um caminho separado do acesso ao atendimento psicossocial. Estamos falando de vítimas que conseguimos mapear o perfil socioeconômico. Estamos falando principalmente de pessoas vulnerabilizadas, pessoas negras, e de uma violência que atinge um determinado público. Então, esse cuidado é fundamental para que elas consigam de fato perseguir os seus direitos, concluiu Bruna.
No período da tarde, o NAV promoveu uma oficina com a Rede de Apoio às Vítimas de Violência (REVIV).
Fonte: MPPE