Seminário reúne autoridades do sistema de justiça e pesquisadores em prol da expansão e consolidação do Método APAC
terça-feira, 25 de novembro de 2025, 15h33

Na última sexta-feira, 14 de novembro, o Ministério Público de Minas Gerais (MPMG), em parceria com a Fraternidade Brasileira de Assistência aos Condenados (FBAC), reuniu em Belo Horizonte representantes do sistema de Justiça, especialistas e pesquisadores para colocar o Método APAC no centro do debate sobre a execução penal no Brasil. O seminário “Método APAC em foco: Diálogos Intersetoriais sobre avanços, desafios e perspectivas” reafirmou, de forma clara, o compromisso do Ministério Público com a expansão e a consolidação dessa política pública em Minas e no país.
Realizado na Procuradoria-Geral de Justiça, o encontro teve como propósito atualizar integrantes do MPMG e público externo sobre os resultados da metodologia apaqueana, discutir seus desafios atuais e fortalecer a articulação entre instituições-chave para que o modelo siga se expandindo com qualidade, segurança jurídica e sustentabilidade.
O promotor de Justiça Henrique Nogueira Macedo ressaltou que o seminário ultrapassou a dimensão de um simples espaço acadêmico.
“Mais do que um espaço de reflexão teórica, o seminário buscou reafirmar a eficácia comprovada do método APAC na redução drástica dos índices de reincidência criminal e na racionalização do gasto público, demonstrando que a reeducação e a corresponsabilidade do recuperando podem caminhar lado a lado com a segurança pública e o interesse coletivo”, afirmou.
Além disso, há que se ressaltar a importância da atuação da Secretaria de Justiça e Segurança Pública de Minas Gerais (SEJUSP-MG), do Departamento Penitenciário de Minas Gerais e da Diretoria de Custódias Complementares (DCS), cujas parcerias com a FBAC possibilitam o funcionamento das APACs, administração sobre preenchimento de vagas nas unidades e robusto suporte institucional que viabiliza a consolidação e expansão do Método APAC.

MP como articulador de uma política pública intersetorial
O coordenador do Centro de Apoio Operacional às Promotorias de Justiça de Velamento de Fundações e às Alianças Intersetoriais (CAOTS), Promotor de Justiça Francisco Angelo Silva Assis, destacou que o evento permitiu uma leitura ampla e atualizada do cenário:
“O seminário trouxe atualizações sobre a metodologia APAC, especialmente quanto a seus resultados, com a participação de distintos especialistas, mestres e doutores do Direito e das Ciências Sociais, como promotores de Justiça, juízes, defensores públicos e sociólogos, experientes no estudo da criminalidade, segurança pública, e sobre carreira e desistências criminal”, pontuou.
Na mesa de abertura, a presença do Procurador-Geral de Justiça Adjunto Institucional, Hugo Barros de Moura Lima, e do presidente da Confederação Brasileira de Fundações (Cebraf), Tomáz de Aquino Rezende, reforçou o caráter estratégico do encontro. Em sua fala, Dr. Hugo sintetizou a base filosófica que sustenta a escolha do Ministério Público em apoiar o Método APAC:
“A punição por si só não muda ninguém. As palavras convencem, o exemplo arrasta, mas só o amor converte.”
Já o conselheiro Nacional do Ministério Público Jaime de Cássio Miranda, presente na programação, sublinhou que há um compromisso institucional do Ministério Público com a expansão e a consolidação do Método APAC, colocando o tema na agenda nacional como modelo de política pública séria, responsável e baseada em evidências.

Painéis focados em resultados, evidências e intersetorialidade
A programação do seminário foi organizada em quatro momentos centrais, começando pelo Painel I – “A atuação do Ministério Público para o aperfeiçoamento da política pública da APAC”, com a participação de Jaime de Cássio Miranda, Henrique Nogueira Macedo e Nelma Matos Silva Guimarães, sob mediação do promotor de Justiça Marcelo Schirmer Albuquerque, coordenador do Caocrim.
Neste painel, destacou-se o papel do Ministério Público como fiscal da lei, parceiro da sociedade e articulador institucional para que as APACs sejam reconhecidas, financiadas, acompanhadas e avaliadas como política pública de Estado, e não apenas como iniciativas pontuais. A atuação do MP junto ao Tribunal de Justiça, à Secretaria de Justiça, à Defensoria Pública e à própria FBAC foi apresentada como eixo decisivo para garantir segurança jurídica e expansão responsável das unidades apaqueanas.
O Painel II – “O que funciona na Execução Penal: evidências nacionais e internacionais”, com o sociólogo Marcos Rolim, o Presidente do Tribunal de Contas de Minas Gerais e o Diretor do Centro Internacional de Estudos do Método APAC, Valdeci Ferreira, que trouxeram dados e experiências comparadas, mostrando que práticas baseadas em evidências são capazes de reduzir reincidência, qualificar o ambiente prisional e otimizar recursos públicos. Mediado por Tio Flávio Tófani, o debate reforçou a ideia de que a expansão da metodologia precisa estar ancorada em pesquisas, indicadores e monitoramento contínuo, campo em que o MP também atua como indutor e parceiro.
No Painel III – “Aprimoramento e Fortalecimento da Metodologia APAC por meio da atuação intersetorial”, figuras estratégicas do sistema de Justiça e controle se reuniram: Leonardo Mattos Alves Badaró (diretor-geral do Depen/MG), Ana Paula de Carvalho Starling (Defensoria Pública) e Consuelo Silveira Neto (TJMG), com mediação de Tatiana Faria, diretora-geral da FBAC.
Esse painel evidenciou que a consolidação do Método APAC depende diretamente da construção de pontes entre instituições: Ministério Público, Poder Judiciário, Tribunal de Contas, Executivo, Defensoria, universidades e organizações da sociedade civil. Diante desse cenário, o MP se torna um dos protagonistas dessa articulação, impulsionando a criação de novas unidades e o fortalecimento das já existentes, sempre com foco na qualidade da execução penal e na proteção da sociedade.
O painel de encerramento – “O Sistema Prisional na Sociedade Brasileira tem jeito!”, com Luís Flávio Sapori e Eiko Danieli Vieira Araki (promotora de Justiça do Ministério Público de Rondônia), reafirmou que a crise prisional brasileira não é destino, mas resultado de escolhas e modelos. Ao reconhecer o Método APAC como caminho concreto de mudança, o Ministério Público reforça sua responsabilidade em apoiar iniciativas que combinam rigor, esperança e eficácia.
Formação continuada e compromisso institucional
Voltado a membros e servidores do MPMG, bem como ao público externo, a iniciativa foi uma realização do MPMG, por meio do Centro de Estudos e Aperfeiçoamento Funcional (CEAF) e do Centro de Apoio Operacional às Promotorias de Justiça de Velamento de Fundações e às Alianças Intersetoriais (CAOTS), em parceria com a FBAC.
Por meio da formação continuada, o estímulo ao diálogo intersetorial e a apresentação dos resultados do Método APAC, a FBAC, juntamente com o MPMG e a SEJUSP-MG buscam fortalecer cada vez mais essa parceria para promover a expansão e à consolidação das APACs como política pública de execução penal mais humana, eficiente e comprometida com a segurança da sociedade e com a dignidade da pessoa humana.
Fonte: FBAC