Direito à educação é discutido por quem já enfrentou problemas
terça-feira, 13 de outubro de 2020, 14h43
09/10/2020 21h15 - Atualizado em 09/10/2020 21h14
Encontro teve participação de quem já sofreu na pele as dificuldades de aceitação no ambiente escolar e na sociedade
“Educação inclusiva na perspectiva do aluno e da família” foi o tema do último dia do Ciclo de Lives sobre Educação Inclusiva que aconteceu nesta sexta-feira (9/10), com a mediação do juiz Luís Fernando Nigro Corrêa, da Comarca de Belo Horizonte.
Participaram a estudante de direito Ana Luísa Vieira Santos Moreira e as jornalistas Mariana Lúcia Agnese Costa e Rosa e Sophia Silva de Mendonça. Todas elas já enfrentaram problemas não só na inclusão escolar, mas também na inclusão em sociedade.
Ana Luísa Vieira Santos Moreira lembrou que a perfeição não existe e é necessário respeito pelas limitações de cada um
Ana Luísa, portadora de atrofia muscular, é universitária depois de enfrentar muitos preconceitos e sempre contando com o apoio de sua família. Ela, que chegou a ser a única cadeirante da escola, disse que pôde contar com o auxílio dos colegas e que essa convivência foi benéfica para todos. “Já passou a fase da ideia equivocada do ser humano perfeito; ninguém é perfeito, só precisamos que as pessoas respeitem as nossas limitações. Somos pessoas de direito, temos que respeitar e ser respeitados, ouvir e sermos ouvidos”, afirmou.
Autismo
Sophia Silva de Mendonça disse que os piores momentos de sua vida foram aqueles onde não encontrou o suporte que precisava
Escritora com vários livros publicados – entre literatura e reflexões sobre o autismo, questão com a qual foi diagnosticada na pré-adolescência, Sophia é atualmente mestranda em comunicação na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Ela contou da sua dificuldade em se adaptar a um ambiente escolar tradicional que não levava em consideração suas especificidades. “Os piores momentos da minha vida escolar foram aqueles em que eu não tive suporte”, contou.
Mas com o incentivo da mãe, sempre citada no seu depoimento, escreveu seu primeiro livro aos 14 anos. Já adulta, escreveu a obra Neurodivergentes, que fala de sua experiência como autista. “Não imaginava como o livro poderia ajudar outras pessoas autistas, seus familiares e as pessoas em geral, porque o livro fala de relacionamento humano”, ressaltou.
Mariana Lúcia Agnese Costa teve várias negativas de escolas até encontrar um espaço inclusivo para sua Alice
Mariana é mãe da Alice, sete anos. Sua filha nasceu prematura, ficou cinco meses na UTI e, em função de uma parada cardiorrespiratória que durou mais de 20 minutos, a menina ficou com várias sequelas que culminaram em uma deficiência considerada grave.
Mariana conta que ao buscar escola para sua pequena, teve várias negativas de matrícula até encontrar uma escola inclusiva que tem feito um trabalho bastante sensível com a menina que começa a se iniciar no letramento. A mãe avalia que todas as pessoas são inacabadas e que “a inclusão é uma dívida de toda a sociedade com as pessoas com deficiência”.
Lembrando o slogan da luta das pessoas com deficiência “Nada sobre nós, sem nós”, o mediador, juiz Luís Fernando Nigro Corrêa, encerrou o ciclo fazendo a seguinte pergunta: “Qual a sociedade que queremos construir?”.
Juiz Luís Fernando Nigro Corrêa, da Comarca de Belo Horizonte, atuou como mediador do ciclo de lives sobre educação inclusiva
Assessoria de Comunicação Institucional – Ascom