MPAC e parceiros promovem roda de conversa sobre síndrome alcoólica fetal
quarta-feira, 29 de setembro de 2021, 15h10
O Ministério Público do Estado do Acre (MPAC), por intermédio do Núcleo de Apoio e Atendimento Psicossocial (Natera), em parceria com o coletivo Família SAF Brasil e Conselho Regional de Psicologia da 24ª Região – Seção Acre (CRP 24) promoveu, nesta terça-feira (28), uma roda de conversa com o tema “Campanha de Enfrentamento à Síndrome Alcoólica Fetal no Brasil”.

Realizado por meio de videoconferência e transmitido pelo canal do MPAC no YouTube, o evento teve como objetivo levar informações e discutir junto aos profissionais da psicologia sobre a Síndrome Alcóolica Fetal (SAF), um conjunto de sinais e sintomas que acometem bebês de mães que ingerem bebidas alcoólicas durante a gravidez e no período da preconcepção.
Desde 2017 o MPAC é parceiro na campanha de conscientização sobre a síndrome no estado, realizando uma série de ações com as instituições e profissionais envolvidos com o tema. Em Rio Branco, passou a vigorar em 2018 a Lei municipal nº 2.275, a qual estabelece ações educativas, de modo permanente, para esclarecer os malefícios do consumo do álcool na gestação e, ainda, a atuação conjunta dos órgãos públicos no combate à síndrome.
“O MPAC está sempre à disposição para aprender sobre a SAF e, com os instrumentos próprios que tem, fazer a defesa das crianças, das famílias, da saúde pública e do acesso, desde a informação até o tratamento com qualidade. Sempre entendendo e cumprindo o princípio constitucional de que criança é prioridade absoluta, portanto falar sobre a SAF deve ser também uma prioridade para todos nós envolvidos aqui”, ressaltou o coordenador administrativo do Natera, Fábio Fabrício Pereira.
Cleísa Brasil, integrante do coletivo Família SAF Brasil – que reúne famílias em todo o país que têm crianças com a SAF -, atuou como mediadora no encontro. Ela afirmou que a realização da roda de conversa surgiu diante da carência de profissionais de psicologia que conheçam e tenham experiência no tratamento da síndrome.
“Dentro da nossa campanha de prevenção e conscientização sobre a SAF, trabalhamos tanto a informação para a sociedade como também a divulgação desse tema e de ferramentas que possam ser utilizadas por profissionais de diversas áreas. A ideia com a roda de conversa era trazer uma profissional da área médica que pudesse mostrar de que forma a SAF vai comprometer o cérebro da criança e uma profissional de psicologia para abordar sobre as ferramentas que podem ser utilizadas”, disse.
Coordenador do CRP 24, o psicólogo Daniel Arruda destacou a importância do evento para o atendimento às crianças, adolescentes e familiares.
“Nos últimos dias estivemos mobilizando os profissionais que atuam principalmente no âmbito da saúde e assistência social, entendendo que essas são esferas muito importantes no atendimento às pessoas e aos familiares das pessoas diagnosticadas com SAF, e os nossos participantes atuam diretamente nestes casos”, frisou.
Palestras
A pediatra e neurologista infantil Bruna Beyruth falou sobre a síndrome, com foco nas alterações neurológicas nas crianças acometidas com a SAF. Ela elencou algumas das possíveis consequências do uso do álcool na gestação, como abortamento, parto prematuro, além de alterações físicas e mentais, distúrbios de comportamento e transtorno de aprendizagem.
Segundo a médica, a SAF é a maior causa de déficit intelectual prevenível. Ela salientou que não existe consenso sobre dose segura de álcool para as gestantes e frisou a importância de não consumir álcool mesmo no período pré-gestacional.
“Cerca de 33% das mulheres bebem mesmo esperando um bebê, e 22% consomem álcool até o dia de dar à luz. Sabemos que o álcool é uma droga que causa dependência, por isso precisamos saber abordar essa mãe para saber qual é a expectativa dela de parar com o uso do álcool”, disse.
Gleiciane Gonçalves, psicóloga especialista em neuropsicologia pela PUC-GO, abordou as intervenções neuropsicológicas na SAF. Ela frisou a necessidade de uma avaliação das funções cognitivas nas crianças acometidas com a síndrome.
“Os transtornos muitas vezes passam despercebidos, por isso é importante ficar atento quanto a isso. Dentro da neuropsicologia utilizamos o termo reabilitação neuropsicológica. Através dela, vamos estimular o cérebro daquela criança a funcionar melhor e muitas vezes na avaliação conseguimos perceber a discrepância entre uma função e outra, que mostra claramente o transtorno”, destacou.
O evento completo está disponível no canal do MPAC no YouTube. Clique aqui para assistir.
Fonte: MPAC