Em MT, mulheres e negros ganham menos e enfrentam mais desemprego
por Kamila Arruda
quinta-feira, 04 de dezembro de 2025, 13h28
A nova Síntese de Indicadores Sociais (SIS 2025) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostra que Mato Grosso encerrou 2024 com uma das menores taxas de desocupação do país, crescimento expressivo na renda domiciliar e melhora em indicadores educacionais. Ao mesmo tempo, mantém desigualdades salariais significativas, que seguem acima da média nacional.
O estado registrou taxa de 2,7% de desocupação, redução de 0,7 ponto percentual em relação a 2023, uma das menores do país. A queda foi puxada pela expansão do trabalho formal, que alcançou 64,2% dos ocupados, alta de 1,2 pontos se comparado ao ano anterior.
A população preta ou parda em Mato Grosso enfrenta taxa de desocupação de 2,9%, acima dos 2,1% registrados entre a população branca. A desigualdade também aparece com força na renda: enquanto pessoas brancas têm rendimento médio de R$ 4.297, pretos e pardos recebem, em média, R$ 3.006, uma diferença de 30,1% a menos, mesmo em um cenário de crescimento econômico e mercado de trabalho aquecido.

Renda cresce mais que a média nacional
Mato Grosso registrou rendimento domiciliar per capita de R$ 2.245 em 2024, crescimento de 9,9%, mais que o dobro do avanço brasileiro de 4,9%. O rendimento médio do trabalho no estado ficou em R$ 3.405, enquanto em Cuiabá chegou a R$ 3.800.

Educação melhora
Em 2024, a frequência de crianças de 0 a 3 anos foi de 35,6%, enquanto no grupo de 4 a 5 anos chegou a 94,2%, maior proporção entre os estados do Centro-Oeste. Em seguida, aparecem o Distrito Federal (92,7%), Mato Grosso do Sul (91,1%) e Goiás (90,1%). Entre crianças de 6 a 10 anos, a taxa foi de 99,7%, e no grupo de 11 a 14 anos alcançou 99,5%.
Os indicadores educacionais mostram outros avanços importantes:
- 94,6% dos jovens de 17 a 19 anos concluíram o ensino fundamental.
- 71,1% dos jovens de 20 a 22 anos têm ensino médio completo.
- Apenas 4,6% dos adultos (25+) concluíram o ensino superior, e 6,5% não têm instrução.

A distribuição dos estudantes entre as redes pública e privada revela contrastes importantes no acesso à educação em Mato Grosso. Na educação infantil, 89,5% das crianças estão matriculadas na rede pública, participação que se mantém elevada no ensino fundamental (88,7%) e cresce ainda mais no ensino médio (92,6%).
Já no ensino superior, ocorre o movimento inverso: a rede privada concentra 66,3% dos estudantes, mostrando maior dependência do setor particular nessa etapa.
Os indicadores de aprendizagem também apresentam avanços. A taxa de analfabetismo entre pessoas de 15 anos ou mais caiu para 3,8% em 2024, uma redução de 0,7 ponto percentual em relação a 2023. Entre jovens de 18 a 29 anos, 73,2% já têm pelo menos 12 anos de estudo, proporção significativamente maior que os 62,5% registrados em 2016, evidenciando ganhos consistentes na trajetória escolar da população.
Concentração de renda cai, mas ainda é alta na capital
O estado registrou Índice de Gini de 0,442, caindo em relação aos 0,453 de 2023, um dos menores do país. No entanto, em Cuiabá o índice chega a 0,510, evidenciando maior desigualdade na capital.
O Índice de Palma, que compara a renda dos 10% mais ricos com a dos 40% mais pobres, também preocupa:
- MT: 2,34
- Cuiabá: 3,28
Pobreza atinge 13,1% da população
Segundo o IBGE, 1,6% vive em extrema pobreza (US$ 2,15/dia) e 13,1% está abaixo da linha de US$ 6,85/dia. Na região metropolitana de Cuiabá, os índices sobem para 1,9% e 14,4%, respectivamente. O que explica o “paradoxo” do estado, segundo o IBGE.
