BEM VIVER+
Formação integra juventude indígena LGBTQIA+ em saúde, agroecologia e direitos humanos
por E.G.
quinta-feira, 04 de setembro de 2025, 13h47

(Foto: MDHC/Divulgação)
Entre os dias 23 e 31 de agosto, em Dourados (MS), aconteceu a primeira etapa do Curso em Saúde, Agroecologia e Direitos Humanos LGBTQIA+ Guarani-Kaiowá – Tekoporã (Bem Viver). A formação, com carga horária total de 108 horas, integra as ações do Programa Bem Viver+, coordenado pela Secretaria Nacional dos Direitos das Pessoas LGBTQIA+ do Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania (SNLGBTQIA+/MDHC), em parceria com a Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio da Fiocruz (EPSJV/Fiocruz), a Faculdade de Direito e Relações Internacionais da Universidade Federal da Grande Dourados (FADIR/UFGD) e a Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai).
(Foto: MDHC/Divulgação)
A proposta é fortalecer a juventude indígena LGBTQIA+ Guarani-Kaiowá em seus territórios, promovendo a formação cidadã, o direito ao Bem Viver, a saúde integral e a proteção dos seus territórios tradicionais, sendo um espaço de reafirmação cultural, resistência e valorização dos saberes tradicionais, unindo práticas de educação popular, agroecologia e direitos humanos.
“Essa formação reforça, consolida e amplia um processo que estamos desenvolvendo há um ano no Programa Bem Viver+, e visa formar jovens indígenas LGBTQIA+ Guarani-Kaiowá para o fortalecimento de sua auto-organização, autoproteção e ações em defesa de seus tekohas – espaço sagrado que sustenta a identidade, a cultura e a existência do povo Guarani-Kaiowá, as lutas por direitos e a importância da preservação das práticas culturais ancestrais, como rezas, danças e tradições espirituais”, explicou Anakeila Stauffer, coordenadora do Termo de Execução Descentralizado (TED) pela EPSJV.
Significado ancestral
Nesta primeira etapa, os participantes tiveram contato com três eixos de formação. O componente de Território, Cultura, História e Cosmovisão do Povo Guarani-Kaiowá aprofundou reflexões sobre o território como espaço de vida e identidade, trazendo o debate sobre os processos históricos de expulsão dos tekohas.
(Foto: MDHC/Divulgação)
“Iniciamos a partir da própria história desses povos, suas culturas e suas formas de se organizar, sabendo que só poderemos dialogar sobre as temáticas do curso se aprendermos com esses povos todo o seu processo de construção de bem viver, de resistência e de luta. O que queremos nesse processo é o fortalecimento dos vínculos com a terra, das culturas, e criar possibilidades integradas para o enfrentamento às violências sofridas por essa juventude em seus territórios”, afirmou Anakeila.
O módulo de Métodos de Organização Popular e Indígena foi dedicado ao fortalecimento da auto-organização comunitária, abordando a atuação das assembleias, dos movimentos de mulheres e de juventudes indígenas, bem como estratégias de enfrentamento às diversas formas de violência. Por fim, a área de Literatura, Linguagens e Códigos promoveu o diálogo entre a literatura indígena e a crítica em língua portuguesa, estimulando a leitura, a análise e a produção textual como formas de expressão das vivências, saberes e propostas da juventude indígena.
“Foi um momento muito importante que trouxe novos conhecimentos sobre o que podemos fazer para o fortalecimento das nossas comunidades, principalmente para a própria juventude indígena e sua diversidade, pensando em uma liderança que possa levar à continuidade da resistência e da luta nos nossos territórios e das nossas comunidades”, destacou Gualoy Kaiowá, representante da Organização da Juventude Indígena e Diversidade Guarani-Kaiowá (Juind).
Compromisso contínuo
O curso Tekoporã se insere em uma perspectiva de formação integral que vai além do aprendizado acadêmico. Ele reafirma a centralidade do direito à diversidade, à cultura, à saúde e à vida digna, fortalecendo a resistência das juventudes indígenas LGBTQIA+ frente às múltiplas formas de violência.
A formação é, portanto, um passo estratégico para a auto-organização, a autoproteção e a defesa dos tekohas, reforçando o compromisso do MDHC e de seus parceiros com a promoção de políticas públicas inclusivas e voltadas ao Bem Viver.
Texto: E.G.
Edição: F.T.
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