Assistência Social
terça-feira, 16 de dezembro de 2025, 17h50
Um deslize durante o banho mudou em definitivo a rotina da família. Em decorrência da queda, Valdir Miguel da Silva, de 85 anos, passou a depender da cadeira de rodas para se locomover. A nova realidade impactou a esposa, também idosa, e os filhos, já adultos, que passaram a testar maneiras de lidar com a situação. Foi nesse cenário de dúvidas que o Programa Maior Cuidado entrou na casa da família, em Belo Horizonte, aliando atendimento em saúde e assistência social. A iniciativa é referência na assistência social de pessoas idosas em vulnerabilidade.

Foi por meio da iniciativa que a família de Valdir Miguel conheceu o trabalho de Antônio Campolino, cuidador social. No apartamento onde vive o idoso, a chegada do profissional é aguardada com entusiasmo, semanalmente. A atividade desenvolvida abrange a atenção à saúde e aos vínculos sociais.
“A rotina com o senhor Valdir é ofertar a ele o banho, no tempo dele e da forma melhor possível, para ele também se sentir confortável. Depois, a gente procura alguma atividade, talvez escutar uma música ou fazer um passeio na comunidade, para conversar com alguns amigos que ele não vê há um tempo”, contou.
Após Valdir sofrer a queda durante o banho, foi hospitalizado. Então, passaram cerca de quatro meses entre a alta hospitalar do idoso e o pedido da família para ingressar no Programa Maior Cuidado. Tempo que foi necessário para a esposa dele, Helena da Silva, e a filha do casal, a artista Suzana Cruz, se adaptarem à ideia de terceirizar o cuidado de Valdir a alguém de fora do núcleo familiar.
“Desde que eu me entendo por gente, eu sempre vejo os familiares cuidando dos seus idosos, e aí, quando chegou a nossa vez, por causa da cadeira de rodas, a gente estava sem saber como lidar”, afirmou Suzana. “Eu sentia culpa, porque na minha cabeça era a minha obrigação cuidar dele, como a filha mulher. É até um pensamento machista, mas é a forma como eu fui criada”, desabafou.
Suzana então tomou a frente para a família ingressar no programa de visitação domiciliar. Um dos requisitos é estar com a inscrição no Cadastro Único atualizada. “Era minha obrigação cuidar de quem cuidou de mim, mas aí, percebi que eu precisava de ajuda, principalmente a psicológica, porque foi um baque para todo mundo. E foi a melhor decisão que eu tive, de reconhecer que eu precisava de ajuda”, prosseguiu.