Círculos de diálogo ajudam a empoderar jovens lideranças na Cabanagem
por Coordenadoria de Imprensa | TJPA
quinta-feira, 23 de março de 2023, 17h22
O adolescente Iso Dias, 14 anos, era um dos mais desenvoltos nesta quarta-feira, 22, durante os círculos de diálogo aplicados pelas facilitadoras da Coordenadoria de Justiça Restaurativa do Tribunal de Justiça do Pará (CJR/TJPA), em uma turma de 35 jovens entre 14 e 29 anos, que participam do projeto Escola de Formação de Lideranças para a Juventude, na Usina da Paz do bairro da Cabanagem (UsiPaz Cabanagem), iniciativa da Fudação ParáPaz centrada em formação profissional, cidadania, fortalecimento comunitário e protagonismo juvenil.
“Eu perdi toda a vergonha de falar em público, na escola agora eu tou liderando muito mais gente, sendo líder de turma, e pro meu futuro isso fez eu ganhar muitas novas realidades, eu comecei a ser secretário da igreja”, comemora, ao enumerar as conquistas que obteve a partir de sua participação nas várias atividades proporcionadas pelo curso de liderança na UsiPaz Cabanagem, entre as quais os círculos de diálogo.
A pedagoga Jucileide Seabra, da Fundação ParáPaz, explica que o curso de liderança trabalha a inserção de jovens em situação de vulnerabilidade no mercado de trabalho, a partir de temas como ética, etiqueta, entrevista de emprego, organização do currículo etc.
Os círculos de diálogo promovidos em parceria com a JCR/TJPA, segundo ela, contribuem para trabalhar aspectos psicológicos e sociais fundamentais, a partir da realidade vivenciada pelos jovens da Cabanagem.
“Os círculos de diálogo vêm contribuir muito para a formação de liderança deles, porque trabalha a questão da mente, da cabeça, pra saber como é que estão, então isso contribui muito para que esses jovens tenham essa percepção da vida”.
TIMIDEZ
A estudante Tainá Costa Magno disse que o círculo a ajudou a superar parte da sua timidez: “eu senti um pouco mais de confiança que nos outros dias, achei a atividade dinâmica, do jeito que eu gosto, e o curso de liderança tá me ajudando muito a conseguir falar em público, uma coisa que era muito difícil pra mim antes e tenho certeza de que num futuro muito próximo vai ser de grande ajuda”, assegurou.
Sabrina já concluiu o ensino médio e diz que gostou muito do círculo de diálogo porque vai ajudá-la a “levar mais pra frente o curso que a gente tá fazendo de formação de liderança”.
Eduardo também avaliou a experiência como “bem interessante” porque o ajudou a desenvolver a confiança no outro. “A gente aprendeu a saber ouvir as pessoas, conseguir entender o lado das histórias das outras pessoas, isso vai ser muito importante porque a gente vai lidar com pessoas no futuro, estamos nos preparando pra o mercado de trabalho, pra uma vida de liderança e lidar com pessoas não é fácil”, constata.
Estudante de marketing, Lucas Gabriel fez questão de agradecer as facilitadoras da Coordenadoria de Justiça Restaurativa do TJPA pela atividade e enumerou os valores que adquiriu a partir da reflexão proporcionada pelo círculo de diálogo: “Ensinou a gente a ser mais humilde, a ter perseverança, a entender o outro e a entender que nem todo mundo é igual e que o nosso curso de liderança ensina a gente a entender, a ter empatia”.
No oitavo ano do ensino fundamental, Suliane diz que o curso de liderança a ajuda a superar, aos poucos, o medo de falar em público e, apontando à amiga que a levou ao curso e às facilitadoras, agradeceu: “ela me ajuda muito, elas também me ajudaram muito, tipo assim, lá na frente eu vou precisar...”
INTERCONEXÃO
Facilitadora da CJR/TJPA, Mayla Nascimento explica que a prática circular permite o compartilhamento de histórias, a interconexão, o olhar pra si mesmo por meio dos relatos da história dos outros.
“Então, isso permite uma percepção de si e do outro de uma forma interligada, onde todos participam juntos”, diz ela, ao definir como de pertencimento e acolhimento o sentimento dos jovens que participaram do círculo de diálogo na UsiPaz Cabanagem.
“Eu acredito que, na formação de lideranças, isso é importante pelo papel que eles vão exercer na comunidade e entre eles: ter esse sentimento de partilha, de interdependência, de conexão mesmo, de se sentir seguros, então eu acredito que a experiência de hoje trouxe isso pra eles”, avaliou.
Fonte: TJPA