Ministério Publico do Estado de Mato Grosso

Fiocruz e Universidade de Illinois compartilham experiências sobre envelhecimento e doenças relacionadas

segunda-feira, 09 de junho de 2025, 12h35

O envelhecimento da população é um dado concreto no Brasil contemporâneo e em outros países. Para enfrentar os novos desafios, é preciso fortalecer os sistemas de saúde, como o SUS, as redes de serviços e garantir o direito a uma vida com qualidade, acesso à saúde e políticas sociais específicas para os idosos. Essas garantias estão previstas no Art. 9° do Estatuto da Pessoa Idosa, que completa 22 anos este ano, e dispõe que é obrigação do Estado assegurar a vida e a saúde às pessoas com idade igual ou superior a 60 anos. Estes eixos permearam as palestras do workshop Envelhecimento e doenças relacionados, evento organizado pelo Programa de Pesquisa Translacional da Vice-Presidência de Pesquisa e Coleções Biológicas (VPPCB/Fiocruz) e a Universidade de Illinois (EUA) nos dias 26 e 27 de maio, no campus Manguinhos da Fiocruz, no Rio de Janeiro.

O encontro reuniu vários grupos que trabalham com envelhecimento e doenças associadas, e que, até então, não tinham contato, informou Vinicius Carvalho, coordenador da Rede de Pesquisa Translacional em Doenças Metabólicas e Envelhecimento (Rede Fio-Meta). “Espera-se que se possa trabalhar em rede e aumentar as pesquisas nesse campo, pois nas últimas décadas há um aumento da expectativa de vida da população”.



Panorama global

Para constituir políticas públicas eficazes, é preciso saber quais são as doenças prevalentes e os novos paradigmas com o aumento da população idosa globalmente. Segundo a pesquisadora Dalia Romero, do Instituto de Comunicação e Informação e Tecnologia em Saúde da Fiocruz, no Brasil, é difícil conseguir recursos para o estudo do envelhecimento das pessoas idosas. Não é uma prioridade clara nas decisões políticas e econômicas. “Há mudanças nas condições de saúde da população. E aqui, a expectativa de vida é menor do que na Colômbia, no México e na Argentina”. Ela observou que a grande desigualdade socioeconômica brasileira influência na expectativa de vida de homens e mulheres. “A transição demográfica e epidemiológica, na era da revolução digital, não é como se previa. Houve retrocesso no Brasil com perda da expectativa de vida”.

Já os dados expostos por Flávia de Andrade, da Universidade de Illinois Urbana-Champaign, mostram que, geralmente, o trabalho realizado para os idosos é sem remuneração. Isso acontece porque se dá via arranjos familiares, ou seja, são as esposas, os filhos, os irmãos e outros parentes que cuidam deles, explicou.

Também foi lembrado que um dos grandes desafios, mesmo em países como os Estados Unidos, é não haver cuidados de longo prazo ou serviços suficientes para a população idosa. É preciso avançar no campo do suporte social e tecnológico. Foi o que mostrou a pesquisa apresentada por Naoko Muramatsu, da Escolha de Saúde Pública da Universidade de Illinois.

“Envelhecer não é igual para todo mundo no Brasil. É preciso pensar as diferenças regionais, a concentração de recursos e a pobreza. Se observa, na população idosa, além dos problemas de saúde bucal, sintomas depressivos, tentativas de suicídio. Estes foram destaques de Fabíola Andrade, da Fiocruz Minas Gerais, que mostrou a relação entre saúde bucal e as desigualdades.



Formação e pesquisa

Na mesa de abertura, a vice-presidente da VPPCB, Alda Maria da Cruz, e a representante da Vice-Presidência de Educação, Informação e Comunicação (VPEIC/Fiocruz), Cristina Guilam, salientaram a necessidade de trocas na área e que a parceria com a instituição estadunidense representa muitas oportunidades para a educação e as pesquisas na Fiocruz.

O estreitamento da colaboração para compartilhar conhecimentos sobre envelhecimento, doenças metabólicas e obesidade é um caminho para preveni-las e reduzir custos, frisou a diretora de Desenvolvimento de Sistemas de Saúde da Universidade de Illinois - Chicago, Janet Lin, e o diretor da Iniciativa BrasiIllinois da Universidade de Illinois Urbana-Champaign, Jerry D'Ávila. 



Convênio Capes e Universidade de Illinois

Um convênio assinado pela Capes e a Universidade de Illinois vai oferecer 350 bolsas de doutorado sanduíche para o Brasil para todas as áreas de conhecimento durante três anos, a partir de 2026. O objetivo é estimular a cooperação internacional para que as pessoas que fazem pesquisa se conheçam e apliquem para obter verbas no Brasil e no exterior.

“Na Universidade de Illinois há estudos em saúde pública, demografia, sociologia, pesquisa clínica e básica sobre envelhecimento”, informou Vinicius Carvalho. A instituição foi escolhida porque desenvolve um trabalho similar ao da Fiocruz com doenças metabólicas e as relacionadas ao envelhecimento.

 

Fonte: FIOCRUZ


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