Fisioterapeuta vai a júri popular por tentativa de feminicídio contra ex-companheira, em Curitiba
segunda-feira, 26 de abril de 2021, 15h53
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Um fisioterapeuta acusado de planejar a morte da ex-companheira durante uma suposta tentativa de assalto vai a júri popular. A decisão da juíza Mychelle Pacheco Cintra Stadler, 1ª Vara do Tribunal do Júri de Curitiba, é da terça-feira (20).
O crime aconteceu em 29 de dezembro de 2018, no bairro Bigorrilho, em Curitiba, e foi registrado por câmeras de segurança. A mulher, que tinha 41 anos à época, sobreviveu após levar seis tiros. Ela ficou em estado grave, passou por cirurgia e se recuperou.
A vítima estava com uma amiga conversando na calçada na Alameda Doutor Carlos de Carvalho, quando um homem se aproximou, anunciou assalto e disparou nela. O homem fugiu sem levar nada e sem atacar a amiga que acompanhava a vítima.
Adriano Tiezerini, que foi preso em Porto Alegre (RS), em março de 2019, responde pelo crime de tentativa de homicídio qualificado por motivo fútil, em razão de não aceitar o fim do relacionamento, e pelo fato da vítima ser mulher, envolvendo violência doméstica.
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Fisioterapeuta teria simulado um assalto contra a ex-companheira, no dia 29 de dezembro de 2018, em Curitiba — Foto: Polícia Civil/Divulgação
Na decisão de pronúncia, a juíza afirma que ainda não se sabe quem atirou na mulher. A arma utilizada também não foi apreendida. Em uma denúncia anônima, que consta no documento, diz que o acusado pagou R$ 30 mil "para dar um susto nela".
"Assim, considerando a dinâmica dos fatos, entendo que há indícios que apontam a possibilidade de não ter ocorrido uma tentativa de roubo. O indicativo da participação de Adriano, na possível intenção de ceifar a vida da vítima, está evidenciado por diversos elementos constantes dos autos", diz a juíza.
Segundo a decisão, os dois tiveram um relacionamento de seis anos, sendo quatro deles morando juntos. À época do crime, eles estavam separados há seis meses. A juíza destaca uma série de mensagens com ameaças do acusado contra a vítima.
"Vc sabe q uma hora vou me vingar dessa palhaçada q vc fez com nosso casamento e com minha vida. Sua idiota [sic]", diz uma das mensagens.
A vítima afirma em depoimento à Justiça que sofria violências física e psicológica no relacionamento. "Consoante a relação entre réu e vítima conturbada, tem-se que o réu teria, em tese, contratado pessoa para matar a vítima em virtude de tal relação", indica a juíza.
Tiezerini já trabalhou na recuperação de atletas conhecidos do futebol brasileiro e também atuou na formação de atletas de MMA.
O que diz a defesa
Em nota, o advogado Heitor Luiz Bender, que defende Adriano Tiezerini, afirmou que recebeu a informação sobre a pronúncia do réu com serenidade, "mas com completa irresignação".
Ele apontou "completa ausência de provas quanto a motivação do delito e, sobretudo, que demonstrem minimamente o vínculo de Adriano com o autor dos disparos".
No comunicado, o advogado também disse que a decisão e os fundamentos dela "se calçaram em provas completamente superficiais tais como: denúncia anônima não comprovada por investigação policial e mensagens de texto descontextualizadas e milimetricamente selecionadas pela própria acusação".
"Em contrapartida, restou comprovado nos autos a inocência de Adriano, o qual desde o fatídico acontecimento sempre colaborou com as autoridades policiais e judiciais, fornecendo provas e prestando todos os esclarecimentos necessários", afirmou em trecho.
Além disso, o advogado disse que a defesa não tem interesse em recorrer da decisão. "Nesse sentido, a defesa tem plena e total confiança na inocência de Adriano Tiezerini, a qual será devidamente sabatinada pelo veredicto popular", destacou.