Com isolamento, a questão da violência contra a mulher fica ainda mais grave
sexta-feira, 27 de março de 2020, 16h58
A epidemia de feminicídio no Brasil não deve ser ignorada em meio à pandemia do coronavírus
Trechos disponiveis no Instagram @djamilaribeiro1:
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O Brasil é um dos países mais violentos para mulheres. Segundo o Ministério da Saúde, a cada quatro minutos uma mulher é agredida por um homem em ambiente doméstico. E em 2019, sob o atual governo, foi registrado um crescimento de 7,3% dos casos de feminicídio se comparado ao ano de 2018, com explosão dos números em alguns estados, segundo dados do Núcleo de Violência da Universidade de São Paulo. Ainda segundo o estudo, 1.314 mulheres são mortas por serem mulheres, média de uma mulher a cada sete horas.
Segundo algumas reportagens, o plantão judiciário do Rio de Janeiro registrou um aumento de 50% nos casos de violência doméstica no estado nos últimos dias de quarentena, um número que já era muito alto antes das medidas de isolamento. Segundo o apurado, as mulheres vítimas de agressão em casa representam cerca de 70% da demanda do plantão. Na China, dobraram os casos de violência contra mulheres e meninas durante o isolamento, como foi registrado aumento no número de divórcios, para ficarmos em alguns exemplos.
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Se em condições "normais" já há alto número de subnotificação, sobretudo se formos pensar em abuso sexual infantil, some-se a isso o fato de que, nas atuais condições, para a mulher acionar o sistema de proteção em casa, ela tem o tempo todo a companhia do homem sob o mesmo teto. E, se tiver de sair, terá de romper com o isolamento, expondo-se à doença e com menos acesso a serviços públicos. Não precisa muito para imaginar o drama atual vivido em muitos lares brasileiros.
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A situação é grave e merece todo o cuidado. Segundo o Unicef, casos de epidemias e surtos de doença podem contribuir para ciclos de violência contra jovens, e uma rede de proteção precisa se erguer contra isso.
Leia a matéria completa: Folha