Ministério Publico do Estado de Mato Grosso

Órfãos de feminicídio passarão a receber pensão de um salário mínimo

quarta-feira, 01 de outubro de 2025, 12h41

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O Brasil passará a garantir uma pensão especial de um salário mínimo por mês — atualmente R$ 1.518 — para filhos e dependentes menores de 18 anos de mulheres vítimas de feminicídio.

 

decreto, publicado no Diário Oficial da União, prevê proteção financeira e social para crianças que perderam a mãe em razão desse crime.

 

Segundo dados do 19º Anuário Brasileiro de Segurança Pública, em 2024 foram registrados 1.492 casos de feminicídio, uma média de quatro mulheres assassinadas por dia.

 

O benefício busca garantir ao menos uma estabilidade financeira mínima para os órfãos, mas especialistas alertam que medidas de apoio psicológico e social são essenciais.

 

Quem tem direito

O benefício é destinado a:

 

Para receber a pensão, a renda familiar por pessoa deve ser igual ou inferior a 25% do salário mínimo. Em famílias com mais de um beneficiário, o valor será dividido igualmente entre os filhos ou dependentes.

 

O benefício não pode ser acumulado com pensões ou aposentadorias do INSS, regimes próprios de servidores ou do sistema de proteção social dos militares.

 

O pagamento se encerra quando o beneficiário completa 18 anos e só vale a partir da data do requerimento, sem efeito retroativo à morte da vítima.

 

Documentos necessários

 

Para solicitar a pensão, o representante legal da criança ou adolescente deve apresentar:

 

Importante: o autor, coautor ou participante do crime não pode representar a criança no pedido nem administrar o benefício.

 

O pedido deve ser feito junto ao INSS, que é responsável por analisar e conceder a pensão.

 

Além disso, as famílias precisam manter o Cadastro Único (CadÚnico) atualizado a cada 24 meses, e o benefício será revisado a cada dois anos para avaliar se as condições de concessão ainda se aplicam.

 

Um direito que não basta sozinho

 

Apesar de representar um alívio financeiro, a pensão não elimina a dor nem resolve sozinha os impactos do feminicídio. Crianças órfãs enfrentam rupturas sociais, psicológicas e educacionais, muitas vezes vivendo com parentes sem preparo ou em abrigos.

 

Especialistas afirmam que o benefício é positivo, mas precisa estar aliado a suporte psicológico, social e educacional para realmente proteger os órfãos.

 

“Garantir renda é importante, mas não basta. Caso contrário, estaremos apenas tentando tapar um buraco com medidas emergenciais”, alertam.

 

A pensão é um avanço importante, mas também evidencia a falha do Estado em proteger as mulheres antes que a violência atinja o extremo.

 

Fonte: Real Time1


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