AÇÃO ARTICULADA PELO MPGO NO TRANSPORTE COLETIVO EM ANÁPOLIS BUSCA ORIENTAR MULHERES A RECONHECEREM OS SINAIS DE VIOLÊNCIA DOMÉSTICA
sexta-feira, 23 de junho de 2023, 18h01

Ações devem ser estendidas na comarca
Anápolis – A partir de uma ação coordenada pela 13ª Promotoria de Justiça de Anápolis, todos os 120 ônibus que compõem a frota do transporte coletivo de Anápolis passam, a partir de hoje (23/6), a exibir em seu interior um cartaz, denominado violentômetro. O material gráfico informativo vai servir como ferramenta de prevenção e denúncia sobre violência de gênero. Nele, há uma escala de cores que possibilita à mulher reconhecer os diferentes tipos e graus que a violência pode assumir nas relações íntimas de afeto.
Durante a cerimônia de lançamento da iniciativa nesta sexta-feira, a promotora de Justiça Carla Brant Sebba Correa Roriz, titular da 13ª PJ, contou que a ideia do violentômetro foi apresentada a ela pela presidente da Associação Artemis, Danielle Nava, que atua na defesa de mulheres vítimas de violência doméstica. “Um panfleto afixado dentro de um ônibus chegará a cerca de 20 mulheres a cada hora. Imagine quantas serão impactadas ao longo do dia”, refletiu Nava.
Segundo a promotora Carla Brant, diante da relevância do tema, o Ministério Público abraçou a proposta, que está em sintonia com a raiz do Projeto Empoderar - Acolhendo Mulheres, que já é desenvolvido pela 13ª Promotoria de Justiça e que acompanha processos de, pelo menos, 50 mulheres vítimas da violência de gênero.
Ao discursar aos presentes, ela ponderou que muitas mulheres, por estarem dentro de um ciclo de violência, às vezes, nem se dão conta de que são vítimas. “Muitas acham que a violência é só física, quando, na verdade, as violências moral e psicológica machucam muito mais”, destacou. A promotora revelou ainda que, na promotoria em que atua hoje, tramitam pelo menos 3 mil processos envolvendo violência de gênero. “Atendo de três a quatro novas ocorrências por semana”, afirmou.
Allana Rocha Lopes, representante da empresa que realiza o transporte púbico de Anápolis, disse que o grupo está feliz em participar do projeto, principalmente pela oportunidade de conscientizar tantas mulheres. “Estamos, inclusive, contratando cada vez mais mulheres para serem motoristas dos ônibus do transporte público. Começamos com 2 e, hoje, já são 15”, contou. Uma delas, Alessandra Gonçalves, esteve presente ao evento. O secretário da Agência de Regulação de Anápolis, Robson Torres, que representou o município na cerimônia, disse que a administração municipal apoia todas as ações desta natureza.
Proposta deve ser ampliada na comarca
Carla Brant disse ainda que pretende, em breve, poder destinar recursos obtidos por meio de acordos de não persecução penal (ANPP) para ampliar o violentômetro, inclusive, levando ações para o Distrito Agroindustrial de Anápolis (DAIA). Segundo ela, também é estudada uma parceria com a Polícia Rodoviária Federal (PRF) para realização de palestras sobre violência de gênero com caminhoneiros.
Ideia deve ser estendida também para a capital
Quem também esteve presente à cerimônia foi a secretária de Projetos Especiais da Procuradoria da Mulher da Assembleia Legislativa de Goiás, Cristina Lopes, que emocionou a todos ao relatar ser uma sobrevivente de crime de gênero, praticado contra ela pelo ex-marido ainda na década de 1980. Como se estivesse realizando uma audiodescrição, Cristina Lopes disse: “Sou uma mulher de 1,66 cm, estou vestida de branco, tenho cabelos pretos e muitas cicatrizes. Cicatrizes que nasceram quando tive 85% do meu corpo queimado pelo meu parceiro”.
Sensível à causa, a secretária afirmou que pretende estender a ideia dos cartazes para Goiânia, onde circulam diariamente mais de mil ônibus. Ela também fez o compromisso de espalhar dez totens no prédio da Assembleia com o cartaz do violentômetro.
Fonte: MPGO