Ministério Publico do Estado de Mato Grosso

Roda de conversa com coletivo de mulheres aponta abusos e denuncia violência obstétrica

terça-feira, 12 de julho de 2022, 16h06

image

 

A violência obstétrica é um assunto ainda pouco discutido na sociedade, mas infelizmente faz parte do cotidiano das mulheres no Brasil. A situação preocupa entidades sociais em Mato Grosso e o caso envolvendo o médico Giovanni Quintella Bezerra, no Rio de Janeiro, mostra a gravidade do tema. O anestesista foi autuado e preso em flagrante na madrugada desta segunda-feira (11) no município fluminense de São João de Meriti por estupro contra uma mulher grávida que estava sedada e se preparava para fazer uma cesárea.
 

Situações como essa se enquadram no que a Organização Mundial da Saúde (OMS) chama de violência obstétrica, e corresponde ao “conjunto de atos desrespeitosos, abusos, maus-tratos e negligência contra a mulher e o bebê, antes, durante e depois do parto”.

 

A violência obstétrica é praticada mediante negligência, violência verbal, sexual ou psicológica, e foi tema de uma roda de conversa organizada pelo Coletivo de Mulheres Camponesas e Urbanas de Mato Grosso e pela Associação Brasileira de Obstetrizes e Enfermeiras Obstetras de Mato Grosso (ABENFO-MT) na sexta-feira (08), na praça Rachid Jaudy, no Centro de Cuiabá.

 

A violência obstétrica se materializa numa imensa lista de práticas desnecessárias ou sem consentimento da mulher. Entre elas estão: exames de toque a todo momento; soro com ocitocina sintética de rotina; episiotomia (corte na região do períneo); litotomia (romper a bolsa antes da hora); manobra de Kristeller (empurrar o fundo da barriga); impedir de comer ou beber; impedir de se movimentar ou escolher a posição em que quer parir; cesariana sem indicação por conveniência médica; negar anestesia; falar frases ofensivas, fazer piadas, racismo; impedir acompanhante; tratamento rude ou desrespeitoso; ameaça; humilhação. 

 

CONSCIENTIZAÇÃO

 

A roda de conversa teve a presença da enfermeira obstetra Débora Prado, do Hospital Universitário Júlio Muller, que contribuiu no debate sobre esse tipo de violência sofrido pelas mulheres no Brasil. Após os esclarecimentos e o diálogo, houve distribuição de folhetos e fixação de cartazes nos tapumes da praça, que está isolada pela prefeitura.

 

A violência obstétrica pode ser denunciada pelos números 180 (Disque Violência contra a Mulher) e 136 (Disque Saúde) e no próprio hospital onde ocorrer. Além disso, a Secretaria de Estado de Saúde tem os seguintes canais de denúncia: (65) 3642-4366, 0800-647-1520, 3613-5392, 0800-647-1213, http://www.saude.mt.gov.br/contato-ouvidoria e ouvidoriasusces@ses.mt.gov.br .

 

A denúncia pode ser feita ainda em conselhos estaduais de classe. No Conselho Regional de Enfermagem de Mato Grosso (Coren-MT), pelo telefone (65) 3623-4075 e pelo e-mail ouvidoria@coren-mt.com.br . E no Conselho Regional de Medicina de Mato Grosso (CRM-MT), pelo telefone (65) 3612-5400 e pelo e-mail https://crmmt.org.br/denuncia/ . 

 

PRAÇA 8 DE MARÇO

 

A roda de conversa sobre violência obstétrica simbolizou o quarto mês consecutivo de ações na mesma praça para denunciar a violência contra a mulher. O Coletivo de Mulheres Camponesas e Urbanas de Mato Grosso reivindica a mudança do nome do local para Praça 8 de Março, para lembrar o Dia Internacional de Luta das Mulheres. Inclusive os tapumes foram colocados pela prefeitura após o lançamento de um abaixo-assinado organizado para mobilizar a sociedade em torno da causa.

 

“Essa já é a nossa Praça 8 de Março! As mulheres vão continuar realizando ações nesta praça no dia 8 de todo mês para denunciar a violência contra nós e também para reivindicar o nome da praça. Estamos nessa luta porque as mulheres estão sendo mortas, espancadas, violentadas... porque a cada 8 minutos uma mulher é estuprada no Brasil. Isso é pouco? Isso é demais! Nossa luta é mais do que justa. Esperamos que a cada dia 8, mais e mais mulheres se juntem nessa luta", afirmou a enfermeira aposentada Rosa Lúcia Rocha.

 

Nota de Repúdio da deputada Rosa Neide

 

A segunda coordenadora-adjunta da Secretaria da Mulher da Câmara dos Deputados, órgão representativo da Bancada Feminina, deputada federal Professora Rosa Neide (PT) vem a público manifestar repúdio e indignação pelos crimes de estupro cometidos pelo médico anestesista, Giovanni Quintella Bezerra.

 

O crime foi gravado por um celular escondido na sala de parto por enfermeiras e técnicas de enfermagem, que já desconfiavam da conduta do médico. O anestesista foi preso e autuado em flagrante por crime de estupro de vulnerável, na madrugada de segunda-feira (11). Outras pacientes já procuraram a Polícia para denunciar o médico.

 

A deputada também manifesta apoio e solidariedade às vítimas, bem como registra seu apoio às profissionais de saúde que conseguiram denunciar as agressões.

 

Rosa Neide por meio da Secretaria da Mulher da Câmara informa que irá acompanhar a apuração junto aos órgãos responsáveis e reafirma que jamais deixará de poupar esforços, para combater quaisquer ações de violência, seja por palavras ou atos que desrespeitem os direitos das mulheres.

 

Fonte: obomdanoticia


topo