Para muitas empresas, o básico ainda é um grande desafio na proteção digital
quinta-feira, 04 de dezembro de 2025, 13h46
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O Brasil vem se consolidando como um dos protagonistas da transformação tecnológica na América Latina. A expansão do uso de certificados digitais, assinaturas eletrônicas e carimbos de tempo demonstra que empresas estão cada vez mais conectadas e dependentes de processos online. No entanto, é preocupante constatar que muitas organizações permanecem vulneráveis a ataques cibernéticos devido a falhas básicas de proteção.
Um levantamento recente da Kaspersky com 300 líderes de cibersegurança na América Latina mostra que, apesar de 98% dos líderes brasileiros considerarem seus ambientes virtuais bem protegidos, muitas empresas seguem vulneráveis a falhas básicas. De acordo com o levantamento, 30% ainda não adota antivírus e 34% opera sem firewall — barreiras mínimas diante de ameaças cada vez mais complexas. Esses indicadores refletem um paradoxo: enquanto a conectividade avança em ritmo acelerado, a cultura de segurança ainda caminha devagar.
Em diversos casos, o investimento em cibersegurança ainda é tratado como despesa e não como um pilar estratégico. O resultado é previsível: prejuízos financeiros, perda de confiança e danos à reputação. Embora o mercado, muitas vezes, busque soluções mais sofisticadas, o ponto de partida deveria ser o fortalecimento de mecanismos essenciais, como controle de identidades, proteção de e-mails e combate ao phishing. Sem essa base sólida, nenhuma estrutura tecnológica se sustenta.
Os números confirmam a urgência do tema. Também de acordo com a Kaspersky, o volume de ataques de phishing no Brasil continua crescendo de forma alarmante. Um outro relatório divulgado pela empresa aponta que, no último período analisado (2023/2024), foram bloqueados 309 milhões de ataques. Já em 2024/2025, o número saltou para mais de 553 milhões. Ou seja, um aumento de 80%. Em toda a América Latina, foram registrados 1,29 bilhão de ataques e o Brasil, sozinho, respondeu por 43% desse total. Como ignorar um vetor de ameaça tão básico e, ao mesmo tempo, tão explorado por cibercriminosos?
Dia da Cibersegurança
No dia 30 de novembro, celebrou-se o Dia da Cibersegurança, uma data que nos convida a refletir sobre a necessidade de fortalecer os mecanismos fundamentais de proteção digital. A segurança da informação não deve ser vista apenas como responsabilidade técnica, mas como um compromisso coletivo e parte da cidadania digital. À medida que o volume de dados sensíveis cresce e novas tecnologias se integram ao cotidiano, garantir a integridade dos sistemas e das comunicações torna-se indispensável.
Mais do que ações pontuais, é necessária uma mobilização ampla entre governos, empresas e usuários para consolidar uma verdadeira cultura de confiança online. Isso envolve investir em educação, criar políticas públicas consistentes e promover a conscientização sobre práticas seguras no ambiente virtual. O avanço tecnológico é inevitável, mas o verdadeiro progresso só se concretiza quando está sustentado pela segurança, e penso que o Brasil tem potencial para liderar esse movimento na região.
Fonte: It Fórum.