Ministério Publico do Estado de Mato Grosso

TJMT: Educação inclusiva exige prática e sensibilidade, destaca neurocientista em evento do TJMT

terça-feira, 09 de dezembro de 2025, 15h56

 

A imagem mostra o auditório lotado enquanto a palestrante apresenta conteúdo no telão sobre estrutura escolar para pessoas com TEA. Bandeiras estão à esquerda do palco e flores coloridas decoram a frente.

 

A compreensão da neurodiversidade e a necessidade de uma educação baseada na prática foram os principais temas abordados pela neurocientista Anita Brito durante a 6ª edição do projeto “TJMT Inclusivo: Capacitação e Conscientização em Autismo”, realizado nesta sexta-feira (5), em Cuiabá. O evento reuniu cerca de 1,2 mil participantes, incluindo servidores(as), magistrados(as), profissionais da educação e saúde, além de familiares.

Reconhecida internacionalmente por sua pesquisa no neurodesenvolvimento, Anita iniciou a palestra convidando o público a adotar uma postura ativa diante do conhecimento.

“O que eu trago aqui é para transformar a forma como enxergamos o outro. É um aprendizado para a vida”, afirmou. Ela destacou ainda que todo seu trabalho é sustentado por vivências reais, construídas ao longo de décadas como pesquisadora e professora.

A inclusão que transforma

 

 

Ao tratar da presença crescente de estudantes autistas nas escolas, Anita provocou uma reflexão profunda sobre a própria história. “A pergunta não é por que temos mais autistas hoje na escola. É por que antes eles não estavam lá. Eles sempre existiram”, disse.

 

 

Para ela, ainda há resquícios de práticas rígidas que dificultam a inclusão plena, e o desafio é romper padrões para possibilitar novas estratégias de ensino. “Um aluno neurodivergente mexe com o que planejamos. E é isso que exige de nós outra forma de ensinar”, pontuou.

 

A neurocientista reforçou que inclusão não se limita ao ingresso na escola, mas envolve permanência com qualidade, acompanhamento e adaptação real. Segundo ela, fatores ambientais podem ter impacto tão significativo quanto os biológicos no desenvolvimento das crianças. “Se a criança nasceu autista, ou com qualquer diversidade, a pergunta deve ser: ‘Como podemos trabalhar com ela?’”, questionou.

 

 

Em um dos momentos, Anita compartilhou a trajetória de seu filho, Nicolas Brito Sales, diagnosticado tardiamente após anos de questionamentos.  “Diziam que era coisa da minha cabeça. O ‘diagnóstico’ dele era: lindo. Como se aparência definisse desenvolvimento”, contou. O relato sensibilizou o público ao mostrar que muitas famílias ainda enfrentam desinformação, estigmas e falta de acolhimento.

 

Outro ponto marcante foi a reflexão sobre expectativas parentais e a pressão social por desempenho e status. “Não imponha aos seus filhos as expectativas dos seus desejos. Eles precisam ser felizes no caminho que construírem”, afirmou.

Ao final, Anita ressaltou que comportamentos atípicos não são barreiras, mas convites ao aprendizado. “O atípico tira a gente da zona de conforto. É aí que precisamos aprender mais”.

O evento

O “TJMT Inclusivo - Capacitação e Conscientização em Autismo” é organizado pela Comissão de Acessibilidade e Inclusão do Poder Judiciário de Mato Grosso, pela Escola Superior da Magistratura (Esmagis-MT) e Escola dos Servidores, em parceria com a prefeitura de Cuiabá e com apoio da Igreja Lagoinha Cuiabá. 

 

A capacitação foi realizada em formato híbrido, com transmissão ao vivo no canaldo TJMT no YouTube, com direito a intérpretes de Língua Brasileira de Sinais (Libras), e reuniu oito palestras com especialistas de neurologia, psicologia, fisioterapia, educação e direito.

Durante o evento, os participantes também puderam conferir a exposição de artes plásticas de Maria Clara Souza Campos, filha da servidora do TJMT Adriana Ferreira de Souza.

Confira mais fotos no Flicker do TJMT

 

Fonte: TJMT


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