Ministério Publico do Estado de Mato Grosso

PREVENÇÃO AO SUICÍDIO

Live destaca opções de atendimento a pessoas em sofrimento emocional

por ANA LUÍZA ANACHE

terça-feira, 29 de setembro de 2020, 18h34

A importância de se buscar ajuda ou auxiliar pessoas em casos de pensamentos suicidas ou situação de sofrimento emocional foi abordada na live promovida pelo Ministério Público do Estado de Mato Grosso (MPMT) na tarde desta terça-feira (29), sobre “Saúde mental e rede de atenção”. O voluntário Carlos Latterza, do Centro de Valorização da Vida (CVV), falou sobre o trabalho desenvolvido pela associação sem fins lucrativos, que presta serviço voluntário e gratuito de apoio emocional e prevenção do suicídio. Já a analista Assistente Social Renata de Paula Teixeira, do MPMT, abordou o funcionamento e os serviços oferecidos pela Rede de Atenção Psicossocial (Raps) no Sistema Único de Saúde (SUS). 

Carlos Latterza fez um retrospecto até a criação do CVV no Brasil, no ano de 1962, e falou a respeito dos canais de atendimento e de como é possível se tornar um voluntário. Segundo o integrante do CVV Cuiabá, são mais de 4 mil voluntários e de 120 postos de atendimento no país. “O CVV desenvolve suas atividades em duas frentes de trabalho, informação para a sociedade e apoio emocional, visando auxiliar na prevenção do suicídio e oferecer apoio emocional para que as pessoas não se sintam sozinhas em momentos de dificuldade, em que precisam falar e desabafar”, disse. 

O voluntário contou que o CVV atende voluntária e gratuitamente todas as pessoas que querem e precisam conversar e que os canais de atendimento são por telefone (ligação para 188), e-mail, chat e postos físicos (que estão temporariamente inoperantes em razão da pandemia). “O atendimento por telefone é em rede, a ligação é gratuita, sigilosa e anônima, 24 horas por dia. As pessoas podem falar o que estão sentindo e encontram ali  um espaço seguro para desabafar”, afirmou, lembrando que qualquer pessoa pode ligar. 

Carlos Latterza abordou ainda os três passos para quem não sabe o que fazer diante de uma pessoa com sinais de comportamento suicida, segundo a teoria do psiquiatra Neury Botega, professor do Departamento de Psicologia Médica e Psiquiatria da Unicamp. A técnica elaborada pelo médico é chamada de ROC, sigla para “repare no risco”, “ouça com atenção” e “conduza ao tratamento”. Por último, explicou os procedimentos para se tornar um voluntário, que inclui ser maior de 18 anos, fazer inscrição pelo site, participar e ser aprovado no treinamento e dispor de quatro horas e meia por semana para ajudar pessoas.

A assistente social Renata Teixeira destacou que a Rede de Atenção Psicossocial (Raps) é imprescindível para evitar o suicídio. Ela esclareceu que a rede é formada por sete componentes - Atenção Básica em Saúde, Atenção Psicossocial Especializada, Atenção de Urgência e Emergência, Atenção Residencial de Caráter Transitório, Atenção Hospitalar, Estratégias de Desinstitucionalização e Reabilitação Psicossocial - e destacou dois deles como estratégicos no combate ao suicídio. 

Para a servidora do MPMT, a Atenção Básica em Saúde, que são os postos e unidades básicas de saúde, são fundamentais por serem a porta de entrada para atendimento das pessoas em sofrimento emocional. E os Centros de Atenção Psicossocial Especializada (Caps) são importantes porque oferecem um atendimento especializado a pessoas com transtornos mentais mais severos. Segundo a expositora, a presença do Caps reduz em 14% o risco de suicídio na localidade. Renata Teixeira informou ainda que, em Mato Grosso, existem unidades básicas de saúde nos 141 municípios e Caps em somente 34 deles. 

A assistente social ainda elencou os desafios para o fortalecimento e estruturação da rede de atenção, que são a articulação e interação dos serviços, garantia de profissionais capacitados e condições materiais e estruturais necessárias ao trabalho, ampliação da rede para outros municípios e manutenção do financiamento público. “O mais importante é termos a compreensão de que as pessoas que se veem numa condição de sofrimento mental podem recorrer aos serviços públicos. É fundamental elas conhecerem quais são esses serviços para poderem buscar um atendimento qualificado, acolhimento e escuta”, assinalou. 

OBJETIVOS ESTRATÉGICOS: Para encerrar, Renata Teixeira ressaltou o papel do MPMT na indução e no controle das políticas públicas. Ela citou dois objetivos estratégicos da instituição como exemplos da preocupação com o tema saúde mental. São eles “garantir a eficiência no atendimento da atenção básica à saúde”, na área da cidadania, e “exigir o cumprimento do direito à saúde mental da criança e do adolescente com cobertura de rede de cuidado e tratamento ambulatorial para uso abusivo de substância psicoativa por meio do fomento à implantação de Caps em municípios ainda não abrangidos”, referente à infância e juventude. “Esses objetivos estratégicos vão dar todo um direcionamento às ações do MPMT junto à indução e fiscalização das políticas públicas, visando a garantia dos interesses da sociedade e dos serviços de qualidade”, afirmou, colocando o Ministério Público à disposição dos cidadãos. 

Essa foi a segunda transmissão ao vivo pelo Instagram do MPMT da campanha de valorização da saúde mental do trabalhador “Que o amarelo faça florir”, idealizada pelo Programa Vida Plena e realizada no mês dedicado à prevenção do suicídio, conhecido como Setembro Amarelo. O outro debate ocorreu no dia 15 de setembro, com o tema “Saúde Mental e a prevenção do suicídio”. 

DADOS: No Brasil, a cada 45 minutos uma pessoa morre por suicídio, revela a Organização Mundial da Saúde (OMS). Já um estudo da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) aponta que 17% das pessoas já pensaram seriamente em pôr fim à própria vida, 4,8% chegaram a elaborar algum tipo de plano para cometer suicídio e 2,8% tentaram executá-lo. 

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