Ministério Publico do Estado de Mato Grosso

ÁGUA PARA O FUTURO

Alunos do curso de Geologia aprendem a usar georadar na localização de nascentes

por ANA LUÍZA ANACHE

quarta-feira, 27 de março de 2019, 08h20

Alunos do 4º ano do curso de Geologia da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) tiveram uma aula de campo especial na terça-feira (26 de março), da disciplina Prospecção Geofísica. Eles aprenderam como funciona e como pode ser utilizado o equipamento de pesquisa GPR (radar de penetração no solo). Essa foi a primeira turma a ter acesso ao georadar nos últimos 20 anos do curso. O aparelho foi adquirido pelo projeto Água para o Futuro, do Ministério Público do Estado de Mato Grosso, por meio da parceria com a empresa Águas Cuiabá S/A, para auxiliar na localização de nascentes, aterradas ou não, em áreas onde não estão visíveis.

O GPR é um método geofísico de investigação, que consiste na emissão contínua de ondas eletromagnéticas pelo equipamento no solo. Quando há objetos, estruturas ou mesmo um curso d’água em profundidade, parte destas ondas é refletida. Os sinais são emitidos e recebidos por uma antena disposta no aparelho, que fica na superfície do terreno. Atualmente ele é considerado o equipamento mais sofisticado para sondagens e investigações de baixa profundidade. A tecnologia representou um investimento de R$ 140 mil e será utilizada também pelo Centro de Apoio Operacional (CAO) do Meio Ambiente.

De acordo com o promotor de Justiça Gerson Natalício Barbosa, da 17ª Promotoria de Justiça de Defesa Ambiental, da Ordem Urbanística e do Patrimônio Cultural de Cuiabá, entre os benefícios do GPR destacam-se rapidez e baixo custo nos levantamentos (se comparado a sondagens e escavações), apresentação de resultados rápidos e em alta resolução, e o fato de ser um método não destrutivo (evita derrubar árvores e inconveniente de obras).

“O GPR possibilita detectar aterros, nascentes e estruturas. Ele é muito importante para Cuiabá onde, infelizmente, pessoas têm invadido áreas de preservação permanente e aterrado muitas nascentes. Esse equipamento vai nos possibilitar responsabilizar cível e criminalmente essas pessoas e, sobretudo, buscar a reparação do dano”, explicou o promotor, acrescentando que há mais de 20 estados brasileiros interessados em aplicar a metodologia desenvolvida pelo Água para o Futuro, especialmente em razão da tecnologia de ponta utilizada.

Segundo o professor Sérgio Fachin, o GPR possibilita investigar locais pavimentados, estruturas de concreto, pontes, estradas, rodovias, como também ambientes naturais. “Essa ferramenta tem como diferencial proporcionar o resultado em tempo real para quem está operando o equipamento. A parceria com o Ministério Público e o projeto é fundamental para que os alunos tenham a oportunidade de conhecer, operar e até trabalhar com esse equipamento”, avaliou.

A iniciativa foi aprovada pelos alunos. “Vemos muita teoria e hoje pudemos ver pela primeira vez como funciona um GPR na prática”, afirmou Ludmyla Tarden. Já o estudante Luciano Tyazo Kamae enfatizou que será muito interessante trabalhar com a recuperação de nascentes sem precisar escavar o solo. “Poderemos identificar a contaminação com resíduos de indústrias, por exemplo, e evitar que isso continue”, ponderou.

Os alunos foram divididos em duas turmas para a aula de campo, uma no período matutino e outra no vespertino. Também acompanharam a atividade o biólogo Abílio Moraes, coordenador do Água para o Futuro, e a geóloga do projeto Rejane Suellen da Silva Duarte.
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