Alta Floresta e Sinop recebem campanha pela erradicação do trabalho escravo
sábado, 31 de maio de 2008, 00h00
Os moradores das cidades de Alta Floresta e Sinop fizeram dos lançamentos regionais da campanha de erradicação do trabalho escravo uma verdadeira festa da cidadania. Centenas de estudantes, trabalhadores, empresários, autoridades, representantes de sindicatos, associações e jornalistas participaram da apresentação da campanha que tem como tema ‘Quem Aceita o Trabalho Escravo Ajuda a Cavar Esta Cova’.
Divulgado desde o dia 28 de abril em cidades pólos da região e nos principais veículos de comunicação, o tema ganhará reforço a partir do próximo mês, será incluído no calendário de programações um prêmio para as melhores matérias jornalísticas que retratarem os problemas do trabalho escravo em Mato Grosso.
De acordo com o procurador do trabalho e coordenador da campanha estadual, Rafael de Araújo Gomes, é fundamental a ajuda dos meios de comunicação para que a sociedade tenha informações de que a situação do trabalho escravo em Mato Grosso é realmente grave. ‘Este ano já ocorreram vários resgates, principalmente na região norte do estado. Entre as vítimas, encontramos até mesmo adolescentes de 13 anos de idade’. Outro caso citado noticia a morte de um trabalhador vítima de uma tora de madeira que teve o corpo abandonado no campo até que a família tivesse condições financeiras para fazer um enterro digno. ‘Não podemos aceitar que seres humanos sejam tratados como animais’, declarou o procurador.
Digno de destaque foi a participação do procurador do trabalho e Coordenador Nacional de Erradicação do Trabalho Escravo no Brasil, Jonas Ratier Moreno, de acordo com Jonas dois fatores contribuem para que ainda exista este problema no país sendo eles a impunidade pois acredita-se que menos de 10% dos trabalhadores buscarão por seus direitos judicialmente e a busca pelo lucro fácil. ‘Aquele produtor rural que arca com suas obrigações trabalhistas está sendo enganado por seu concorrente que burla as leis e tem custos muito menores’. Jonas aproveitou a noite para tecer vários elogios à iniciativa dos Ministérios Públicos do Trabalho e Estadual por lançarem na mídia um tema tão relevante e asseverou: ‘Estenderei a iniciativa para o estado de Mato Grosso do Sul, onde atuo’.
José Pedro dos Reis, procurador chefe da Procuradoria Regional do Trabalho da 23ª Região, explicou aos presentes que a escravidão não se resume apenas na restrição da liberdade de locomoção, mas também no tratamento indigno das condições de trabalho.
Em Sinop o procurador de Justiça e diretor da Fundação Escola do Ministério Público Estadual, João Batista de Almeida, alertou o público presente que esta semana o Brasil foi alvo de crítica no relatório da Anistia Internacional com destaque para o problema do trabalho escravo especialmente em carvoarias.
No Município de Alta Floresta o procurador-geral de Justiça, Paulo Roberto Jorge do Prado encerrou a noite deixando uma mensagem de reflexão ao público presente:
Há quinhentos anos elegemos omissos e mentirosos.Há quinhentos anos acreditamos que no final tudo se arranja, que Deus é brasileiro e com jeitinho venceremos mais um ano. Há quinhentos anos matamos negros, mulheres, crianças e hereges, destruímos rios e florestas, queimamos sonhos e remédios. Não podemos esperar sequer mais um dia para que a dignidade da pessoa humana deixe de ser apenas um sobre valor, para que se torne uma realidade concreta e a cada um seja entregue o que lhe é de direito.
Estiveram presentes os promotores de Justiça, Audrey Thomaz Ility, Henrique Scheneider Neto, Marcelo Caetano Vacchiano, Januária Dorilêo Bulhões, Marcos Bulhões dos Santos, Marise Rabaioli Sousa, Lais Glauce A. Ferlin e a procuradora do trabalho de Alta Floresta Thalma Rosa de Almeida.
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