Ministério Publico do Estado de Mato Grosso

Retrato da riqueza em fauna e flora da selva brasileira

sábado, 03 de fevereiro de 2007, 00h00

CRISTALINO 

 

O Diário inicia hoje uma série de reportagens sobre o parque

 

Rodrigo Vargas

 Diário de Cuiabá

 

Na semana em que a Justiça determinou a manutenção do traçado original do parque, o Diário conheceu de perto, por terra, água e ar, a imensidão verde que abriga uma das mais ricas amostras da biodiversidade amazônica

 

Rios, nascentes, córregos e baías intocados, em meio a florestas e afloramentos rochosos. Jardins nativos repletos de bromélias e orquídeas de rara e diversa beleza. Lajes e mirantes naturais, de onde se avista um impressionante mosaico formado por inúmeras tonalidades de verde.

 

Essa concentração de belezas - incrustada no extremo-norte de Mato Grosso, entre os municípios de Alta Floresta e Novo Mundo – abriga uma das mais ricas amostras da biodiversidade amazônica, entre espécies raras, ameaçadas de extinção e outras que sequer foram descritas pela ciência.

 

Na semana em que a Justiça restabeleceu em caráter liminar o traçado original do Parque Estadual do Cristalino – reduzido pela Assembléia Legislativa por meio da lei 8.616 (ver matéria) – a reportagem do Diário visitou o epicentro da maior polêmica ambiental dos últimos anos.

 

Ao longo de quilômetros de trilhas pela mata fechada ou em trechos de barco pelo sinuoso rio Cristalino, a reportagem conheceu de perto um imenso e ainda inexplorado potencial para a conservação, a pesquisa e o ecoturismo. Constatou, porém, que a unidade segue desprotegida e vulnerável.

 

O único posto de fiscalização, erguido às margens do Teles Pires, foi abandonado, depredado e sofreu saques. A gerência e a fiscalização rotineira da área de 184 mil hectares estão entregues à responsabilidade de um único servidor da Secretaria Estadual de Meio Ambiente (Sema).

 

Os trabalhos para a produção de um plano de manejo, peça-chave para a implantação da unidade, foram interrompidos há dois anos, sem conclusão. E, por conta da ameaça ainda presente da redução, o parque corre o risco de perder recursos do Programa de Áreas Protegidas da Amazônia (Arpa).

 

A partir de hoje, uma série de reportagens irá relatar essa história de avanços e retrocessos iniciada em junho de 2000, quando o decreto nº 1.471 estabeleceu a primeira demarcação da unidade, então com 66,9 mil hectares – traçado que, no ano seguinte, seria ampliado em 118 mil hectares.

 

Também trará o depoimento de ambientalistas e pesquisadores do Brasil e do exterior, que incluem o Cristalino entre as mais significativas unidades de conservação brasileiras, pela diversidade de ambientes, alto número de espécies endêmicas – que só ocorrem ali – e o estado de conservação da maior parte de seus ambientes.

 

Nesta semana, o mundo inteiro admitiu, em inédito consenso, o impacto da ação devastadora do homem sobre o clima e o futuro do planeta. É neste cenário que a salvaguarda do Parque Estadual do Cristalino ganha ainda mais urgência. É o compromisso por um desenvolvimento que respeite a vida e o futuro.

 

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