EM CUIABÁ
Projeto FloreSer encerra atividades com mais de 622 estudantes
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por LUCIENE OLIVEIRA
sexta-feira, 14 de novembro de 2025, 17h59
O Núcleo das Promotorias de Enfrentamento da Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher da Capital – Espaço Caliandra encerrou as atividades do ano de 2025 do Projeto FloreSer, desenvolvido junto às escolas da rede estadual de ensino com foco na prevenção da violência de gênero e na promoção de relações afetivas saudáveis entre adolescentes.
O FloreSer continuará suas ações durante o ano letivo de 2026, retomando as atividades em fevereiro, conforme o calendário escolar, e com o lançamento do concurso de produção de vídeo sobre à violência de gênero.
A primeira etapa do projeto foi realizada entre 29 de agosto e 14 de novembro, com encerramento na Escola Estadual Professora Almira de Amorim, no bairro CPA I, nesta sexta-feira (14). Ao longo do período, foram promovidas rodas de conversa em seis escolas, envolvendo 622 estudantes dos 1º, 2º e 3º anos do Ensino Médio.
As instituições participantes foram: Padre João Panarotto (42 alunos, bairro CPA 2), Professor Rafael Rueda (37, bairro Pedra 90), Professor Benedito de Carvalho (107, bairro Morada do Ouro), Doutor Mário de Castro (262, Pedra 90), Governador José Fragelli (84, bairro Verdão) e Professora Almira de Amorim (63, bairro CPA 1).
Com duração média de 1h30, as rodas de conversa são conduzidas de forma interativa e cooperativa, estimulando os jovens a refletirem sobre temas como ciúmes e controle, respeito e autonomia, violência simbólica e digital, além de direitos das meninas e mulheres. O objetivo é ajudar os adolescentes a reconhecerem sinais de relacionamentos abusivos e fortalecer valores de respeito e igualdade.
“As rodas de conversa permitem um espaço de escuta e diálogo, em que os estudantes se sentem à vontade para compartilhar experiências e refletir sobre comportamentos naturalizados. O FloreSer busca plantar uma sementinha para o futuro, estimulando a construção de relações baseadas no cuidado, no respeito e na liberdade”, destacou a promotora de Justiça, Claire Vogel Dutra.
Para a assistente social e gerente do projeto, Itana Lua, participar do FloreSer tem sido uma experiência muito especial e positiva. “Tivemos a participação de aproximadamente 600 alunos nas rodas de conversa, e em cada encontro pudemos refletir juntos sobre como a violência de gênero tem se manifestado na nossa sociedade e, principalmente, como ela já repercute nas relações entre os próprios jovens”, disse.
Segundo ela, os estudantes se mostram abertos ao aprendizado e à reflexão crítica sobre as relações de gênero. “As trocas dentro da sala de aula foram muito ricas e reforçaram a importância de levar esse tipo de debate para o ambiente escolar”, pontuou.
Pesquisa com os alunos - Antes das atividades, os estudantes responderam a um questionário on-line, com 16 perguntas sobre perfil socioeconômico e percepções relacionadas à violência contra as mulheres e de gênero. Os dados ajudarão a compreender de forma mais profunda como os estudantes percebem e entendem a violência doméstica. Esses dados serão posteriormente analisados de maneira detalhada e poderão contribuir para o aperfeiçoamento do FloreSer e para a construção de novos projetos.
Dos 380 alunos que responderam o formulário, 65% têm entre 15 e 16 anos, 28% têm 17 anos, 7% mais de 18, e 1% tem 14 anos. Em relação à cor ou raça, 64% se autodeclararam pretos ou pardos, 24% brancos, 1% indígena, 2% amarelos e 9% não informaram.
Quanto à composição familiar, 37,4% vivem com o pai e a mãe, 31% apenas com a mãe, 7% com o pai, 4,5% com os avós, 4% com mãe e padrasto, e 15% em outros arranjos familiares (sozinhos, com tios, parceiros ou outros).
“Os dados sobre a composição familiar dos estudantes revelam uma realidade diversa e desafiadora, que precisa ser considerada quando falamos de prevenção à violência. Quase metade desses adolescentes vive em arranjos familiares diferentes da estrutura tradicional, o que reforça a importância de a escola e os projetos educativos se tornarem espaços de acolhimento, diálogo e formação emocional", destacou a promotora de Justiça Claire Vogel Dutra.
Para a psicóloga do Espaço Caliandra, Vastir Maciel, o projeto FloreSer tem justamente esse papel, o de oferecer às jovens ferramentas para compreender e lidar com suas emoções, reconhecer situações de violência e construir relações baseadas no respeito e na sensibilidade.
Concurso “Oh, lá em casa” - Uma das etapas do projeto é o concurso “Oh, lá em casa (nem lá em casa)”, que incentivará os alunos a produzir vídeos curtos no formato “Reels” com reflexões sobre a violência de gênero e relacionamentos saudáveis. O concurso será lançado no início das atividades do FloreSer, em 2026.
Os vídeos serão avaliados por uma comissão e as melhores produções serão premiadas, incluindo a escola das equipes vencedoras.
Parcerias e apoio institucional - O Projeto FloreSer é desenvolvido pela equipe multiprofissional do Espaço Caliandra, composta por psicóloga, assistente social, assistente jurídica e colaboradores, com o apoio do Ministério Público de Mato Grosso, da Secretaria de Estado de Educação (Seduc) e da TV Centro América, parceira da iniciativa privada.
A Energisa Mato Grosso tornou-se recentemente parceira do projeto, apoiando a execução da segunda fase, referente ao concurso “Oh, lá em casa”.
“A Energisa reforça seu compromisso com a responsabilidade social ao apoiar o FloreSer, que promove debates fundamentais sobre respeito, prevenção à violência e relações saudáveis entre os jovens. Investir na formação emocional e social dos estudantes é essencial para construirmos uma sociedade mais justa e consciente”, afirmou o diretor-presidente da Energisa Mato Grosso, Marcelo Vinhaes.
Sobre o FloreSer - O Projeto FloreSer integra as ações do Espaço Caliandra, unidade do Ministério Público de Mato Grosso voltada ao acolhimento das vítimas diretas e indiretas da violência doméstica e familiar contra a mulher. Por meio da educação e do diálogo, o projeto busca fortalecer valores de igualdade, empatia e respeito, contribuindo para a prevenção de novas violências e a formação de cidadãos mais conscientes e responsáveis.

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